Não se sabe quem seja o autor dos livros dos Reis. Sabe-se que tinha acesso aos anais escritos, tais como o "livro dos sucessos de Salomão” (I Reis 11:41), o "livro das crônicas dos reis de Israel" (I Reis 14:19), e o "livro das crônicas do rei de Judá" (I Reis 14:29), que eram provavelmente documentos oficiais. Talvez tivesse acesso a outras fontes anteriores, possivelmente compilados por alguns dos profetas.
O compilador final deve ter vivido depois da queda de Judá no ano 596 a.C., visto que registra o livramento de Joaquim, por volta do ano 560 a.C. (II Reis 25:27-30).
Pelo interesse que demonstra na aliança, podemos conjeturar que se tratava de um profeta aproximadamente contemporâneo de Jeremias, e que escreveu na primeira metade do século dezesseis antes de Jesus Cristo.
O escritor remonta à história de Israel desde Salomão até ao último rei de Judá. De maneira sincera, franca, narra a história triste da rejeição da aliança por parte da maioria dos reis. O colapso final de Israel diante da Síria (II Reis 17) e o de Judá diante da Babilônia (II Reis 25), constituíam uma demonstração da verdade do princípio que o livro sublinhava, e não constituiu surpresa alguma para os homens de discernimento espiritual.
Em dias posteriores, os dois livros dos Reis passaram a ser uma advertência para o remanescente do povo de Deus, proporcionando assim uma lição prática no sentido de que a rejeição da aliança com Deus, um ato pecaminoso e rebelde, só pode provocar o castigo divino.
Mesmo uma leitura não muito atenta deixará bem claro que o escritor se propõe demonstrar que embora Israel tivesse uma aliança com Deus, a maior parte de seus reis havia rejeitado e ultrajado as obrigações inerentes a tal aliança.
Passa-se em revista tanto os reis de Judá como os de Israel, e até onde possível, são tratados segundo a época em que viviam. O valor de cada rei é determinado mediante comparação com dois reis de épocas anteriores. O rei Davi que se manteve bastante fiel à aliança, e o rei Jeroboão de Israel, que menosprezou a referida aliança.
A comparação, feita desta forma, demonstra se um determinado rei "andou em todo o caminho de Davi seu pai", ou andou em "todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate". É evidente que o escritor dos livros dos Reis descobriu que sobre estas bases foram muito poucos os reis de Israel ou de Judá que guardaram a aliança com Deus. Exceções notáveis são Asa (I Reis 15), Josafá (I Reis 22), Ezequias (II Reis 18-20), e Josias (II Reis 22-23), e mesmo estes tinham falhas.
Davi foi o rei que mais se aproximou do ideal. Pouco antes de morrer, aconselha seu filho Salomão a guardar os preceitos do Senhor (I Reis 2:3). Essa conduta é a única esperança de prosperidade e paz. O afastamento desse caminho, dessa conduta, equivalia a expor-se ao juízo divino.
A Lealdade à aliança de Deus era requisito antigo em Israel. Teve sua origem em Abraão, mas encontrou expressão nacional na época do Êxodo, quando Israel, que acabava de ser libertado do Egito, se apresentou no monte Sinai e estabeleceu uma aliança solene com Deus (Êxodo 19:5; 24:3-8). Desse momento em diante, Israel seria povo escolhido de Deus, separado das outras nações, obediente a seus mandamentos e leal a ele. Aos israelitas era proibido fazer alianças com outras nações ou outros deuses. A adesão à aliança com Deus resultaria em bênçãos; a desobediência a essa aliança traria maldição e castigo. Estes princípios estão elaborados com clareza em II Reis 17-23.
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