Epifania
Celebramos hoje a festa de Epifania, a revelação de Jesus aos gentios. O profeta Isaías afirmou a respeito desse dia, 700 anos antes de Cristo:
As nações se encaminharão para a tua luz, ó Jerusalém, e os reis para o resplendor que te nasceu. (Isaías 60.3).
Este acontecimento, que no Oriente é considerado a grande festa natalina, celebramos hoje. Os Magos do Oriente, vieram para adorar o menino Jesus em Belém da Judéia.
O evangelista Mateus descreve o acontecimento assim: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes eis que vieram uns magos do oriente a Jerusalém. E perguntaram: Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para adorá-lo. Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes e, com ele, toda Jerusalém; então convocando todos os principais sacerdotes (24 ao todo) e escribas do povo, indagavam deles onde o Cristo deveria nascer. Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as primeiras de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo, Israel. (Que mensagem!).
Com isso Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo.
Depois de ouvirem o rei, partiram e eis que a estrela que vieram no Oriente os precedia, até que, chegando parou sobre onde estava o menino. E vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo.
Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhes suas ofertas, ouro, incenso e mirra.
Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra”.
Vejamos esta importante e consoladora história mais de perto. Jesus nasceu em Belém da Judéia, num galpão onde os animais encontravam abrigo durante o inverno, porque Maria e José, pobres, não encontraram lugar para eles na cidade de Belém. Naquela noite, informados por anjos, os pastores de ovelhas dos campos vieram adorar o menino recém-nascido. No sétimo dia, Maria e José foram para Jerusalém, para a circuncidar o menino Jesus, conforme a lei, no oitavo dia. Após o que, regressaram para Belém, onde José e Maria ficaram na casa de um parente, ou José tenha alugado uma casa.
Nesses dias, chegaram a Jerusalém os Magos do Oriente, provavelmente da Babilônia, onde, durante o Cativeiro, o profeta Daniel atuou. Portanto as profecias a respeito da esperança de Israel, eram conhecidas ali.
Como uma viagem da Babilônia para Jerusalém, pelo deserto, muito perigosa, leva no mínimo três meses e uma viagem pelo norte leva um ano. Esse último, provavelmente, seguido pelos magos, a estrela deve ter-lhes aparecido um ano antes do nascimento, pois chegaram após a circuncisão de Jesus. Além disso, como eram pessoas importantes, devem ter vindo com uma comitiva, não pequena, inclusive com guardas. Por isso, sua entrada em Jerusalém causou alvoroço, especialmente também por sua pergunta sobre o recém-nascido rei dos Judeus.
Herodes mandou pesquisar na Escritura. Encontraram a resposta no profeta Miquéias: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as primeiras de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo, Israel (Mq 5.2). Interessante como Deus, através do Magos, lembrou os sacerdotes e escribas e o rei Herodes a respeito do nascimento do Messias, do Guia de Israel, mas eles não deram a mínima atenção. Ainda hoje parece que é assim. Natal, Natal dizem muitos que se chamam cristãos, mas não dão atenção à Palavra de Jesus.
Os Magos saíram de tardezinha de Jerusalém. Quando anoiteceu, viram novamente a estrela e se alegraram muito. Isto mostra que eles, devido a incredulidade em Jerusalém, não se sentiram bem ali. Eles imaginavam encontrar em Jerusalém, onde estava o templo de Jeová, pessoas de fé. E, mesmo tendo sido lembrados da profecia de Miqueias, ninguém foi junto com eles para Belém.
Em Belém, a estrela parou sobre a casa onde Maria e José estavam com o menino. A estrela lhes indicou: Este é o Messias, o Filho de Davi, o Rei dos judeus, o Salvador do mundo. Eles entraram, ao verem o menino nos braços da pobre Maria, eles se prostram e o adoraram. Abriram seus tesouros e lhe presentearam: ouro, incenso e mirra” (v. 11). Que fé, que júbilo em seus corações. Eles, homens ricos, não se envergonharam da pobreza da humildade do menino, mas firmados na palavra das profecias criam que este menino é o verdadeiro Filho de Deus, o Verbo que se fez carne e veio habitar entre nós (João 1.14).
De noite, em sonho Deus os adverti para não voltarem a Herodes. Eles voltaram para casa por outro caminho.
Eles são os gentios – como nós e muitos outros – a respeito dos quais o profetas Isaías disse: “As nações se encaminharão para a tua luz, ó Jerusalém, e os reis para o resplendor que te nasceu” (Isaías 60.3).
Desde lá, já se passaram mais de dois mil anos. O povo de Israel cumpriu sua razão de ser o povo de Deus, como sinal da presença de Deus no mundo. Jesus nasceu, mas Israel o rejeitou. Jesus ordenou que seu evangelho fosse pregado a todas as nações, até a consumação dos séculos, isto é o fim do mundo, o dia do juízo final, para que todo o que nele crê, quer judeus ou gentios, não pereça , mas tenha a vida eterna (Mateus 28.19,20; Jo 3.16; Romanos 5.1-2; 3.1). O povo de Deus é formado hoje por todos os que creem na graça de Cristo, quer judeus ou gentios. Os sinais da graciosa presença de Deus são hoje Palavra de Deus e os santos sacramento: batismo e Santa Ceia, por esses meios o Espírito Santo gera e mantém a fé, no conhecimento da luz que procede de Jerusalém, onde Jesus realizou sua grande obra, morte e ressurreição. Os cristãos refletem a luz que receberam, por palavra e vida.
É verdade que esta bênção, de sermos pela fé, filhos de Deus (1 João 3.1) e herdeiros da vida eterna, temos em fé, ainda não no ver. Nem sempre sentimos em nosso interior claramente que somos filhos de Deus, ainda não vemos a Deus em sua glória. Ainda estamos sob a cruz, assolados por tentações, quedas, fraquezas, dúvidas, desespero, mas nos apegamos na Palavra de Deus. Por ela somos firmados na fé, fortalecido nas angústias. A Palavra levanta nossos olhos para as promessas do porvir e nos garante que veremos a Jesus como ele é em sua glória e majestade, seremos seus filhos em glória por toda a eternidade. – Amado Pai celestial, nós te agradecemos por teres te revelaste também a nós e nos aceitaste como teus filhos. Pedimos fortalece nos na fé, na certeza dessa verdade e concede que te sejamos fiéis até ao fim, para quando nos chamares ou vieres durante nossa vida, possamos ver-te e estar contigo, pela graça de Cristo, eternamente. Amém. HK