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terça-feira, 19 de março de 2019

JULGAMENTO DE JESUS

II - JESUS DIANTE  DO TRIBUNAL ECLESIÁSTICO. 
Mateus 26.57-75 
Marcos 14.53-72
Lucas 22.55-71 
João 18.15-27.

     No culto do Antigo Testamento Deus instituiu, para o povo de Israel, o cargo de sumo sacerdote. O sumo sacerdote deveria ser o intermediário entre Deus e o povo. Era figura e sombra de Jesus, o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). O sumo sacerdote deveria zelar pelo ensino e o cumprimento da lei, sacrificar pelos pecados do povo e interceder pelo mesmo (Êx 28). 
     No tempo de Jesus, este cargo estava sendo ocupado por Caifás, homem culto, mas incrédulo. Caifás deveria ter sido o primeiro a receber a Jesus. Mas ele e os sacerdotes procuraram matá-lo (Mt 26.3; Jo 12.10). Mesmo assim, Jesus respeitou o cargo. Caifás mandou prender Jesus e convocou o Sinédrio para formularem a sentença condenatória. O sinédrio era o mais alto tribunal eclesiástico em Jerusalém, composto por 70 homens dos mais fiéis à religião e honrados em Jerusalém. Não tendo provas para condenarem Jesus, pagaram falsas testemunhas. Estas, no entanto, caíram em contradições diante do Sinédrio. 
     Desesperado, Caifás dirige a Jesus a tão temida pergunta: “Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.” Jesus respondeu: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que desde agora vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes a blasfêmia! Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte! Então uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu!” (Mt 26.63-68). Que igreja? “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Que quadro chocante. Será que somos melhores? Muitas vezes nossa razão traz à tona questões semelhantes. 
     O mais alto tribunal eclesiástico condenou Jesus à morte, porque ele disse ser o Filho de Deus. Quão profunda foi a queda do homem, a ponto de a criatura condenar o seu próprio Criador e Salvador. Em coisas espirituais somos totalmente cegos. Esse é o estado de todos as pessoas até hoje. Adão e Eva queriam ser iguais a Deus. Por natureza somos inimigos de Deus, espiritualmente cegos e mortos (Efésios 2.1; Romanos 8.7; 1 Coríntios 2.14). Esta revolta está em nossos corações. Constantemente brotam dúvidas, questionamentos e incredulidade em nosso coração. A palavra de Deus, pela qual Jesus ainda hoje vem a nós e se revela, fala e chama, é rejeitada, questionada e distorcida. Não deveríamos, pelo menos, como povo de Deus, reverenciá-lo e confessar o seu nome ousadamente? Não deveriam todos os cristãos, no domingo, esquecer tudo e reunir-se como uma só família para adorar a Jesus? E neste período quaresmal ler e meditar sobre a paixão de Cristo? Ai de nós! Nossos jovens conhecem as canções do mundo melhor do que os salmos e hinos do verdadeiro louvor a Deus e a vida de alguns artistas e esportistas melhor do que a história da paixão de Cristo. Que tristeza! 
     O tribunal eclesiástico, como representante de Deus na terra, condenou Jesus como blasfemador. Jesus aceitou a condenação. Nisto carregou a nossa culpa. Carregou todos os nossos pecados cometidos contra os Dez Mandamentos, especialmente contra a primeira tábua da lei de Deus, os primeiros três mandamentos. Não tememos, amamos e confiamos em Deus como deveríamos. Por seu sofrer, Jesus pagou a nossa culpa. Ele “nos amou quando nós ainda éramos seus inimigos” (Rm 5.10). Agora ele nos chama ao arrependimento e à fé e nos oferece sua graça, por sua palavra e seus sacramentos. E todos os que, arrependidos de seus pecados, confiam na graça de Cristo, têm o que as palavras lhe oferecem, dão e selam: perdão dos pecados, paz com Deus e vida eterna. Aos que nele crêem, “deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12). Sua graça nos tira da escravidão e do poder de Satanás e nos faz renascer, transforma-nos em filhos de Deus e herdeiros da vida eterna. 
     Oração: “Deus na cruz é meu amado. Tu, consciência, vais calar. Pela Lei atormentado, ouço Deus me consolar; com seu sangue redentor resgatou-me o Fiador. Deus na cruz é meu amado, pois na fé sou confirmado” (HL 82.4).

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