Sermão para 2º Domingo após Pentecostes – 19/06/2022
TEXTOS: Sl 90.1-12 Sf 1.7-16 1Ts 5.1-11 Mt 25.14-30
Tema:
Sem surpresas quanto à segunda vinda de Jesus.
Desde
a época de César Augusto, a “pax romana” era uma expressão política
muito forte. Era um slogan quase que divino. Era como que “só Roma pode dar
a paz. Fique fiel ao império, e estará sempre com capacete e com couraça, ou
seja, em paz e segurança”. Essa era
a bandeira romana para manter os povos de classe baixa quieta, longe da possibilidade
de levantar-se contra o governo.
A primeira carta aos Tessalonicenses tem uma intensidade política muito grande
por questionar essa suposta paz e segurança do império romano.
A primeira carta aos Tessalonicenses foi escrita por Paulo, colaborado por
Silvano e Timóteo por volta do ano de 51 D.C.
Nessa época, pouco
antes, o imperador Calígula, se auto definiu como “deus”. Mandou erigir
estátuas em vários templos do império, inclusive Jerusalém. Em Jerusalém não
pode ver a estátua pronta, pois acabou morrendo antes disso.
Paulo, Silvano e Timóteo anunciaram aos Tessalonicenses que o único Senhor
é Jesus Cristo, o ressuscitado. A mensagem proferida nas três
semanas que esteve em Tessalônica a respeito do Senhor ressuscitado, do único que oferece e dá paz e segurança
impactou os ouvintes. Tanto que 30 anos mais tarde, o médico e evangelista
Lucas apresenta na pesquisa apresentada em Atos dos Apóstolos que os
evangelistas “...revolucionaram o
mundo inteiro...agiram contra os decretos de César, afirmando ser Jesus
outro rei” (Atos 17.6,7).
“Quando andarem dizendo: Paz e Segurança, eis que lhes sobrevirá
repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e
de nenhum modo escaparão” escreve Paulo em 1Ts 5.3.
A “paz e segurança” oferecida pela “pax romana” era mentirosa,
discriminatória e para manter as classes dominadas em silêncio. - A
paz que Jesus oferece e dá, é verdadeira e igualitária. Jesus veio quebrar os
muros da separação entre as raças. Jesus veio para trazer paz aos corações
humanos. O seu evangelho traz paz e quebra os muros da indiferença.
Diante dessa mensagem salvadora, consoladora e igualitária, a igreja de
Tessalônica passou a ser perseguida por se opor a adoração ao
imperador. Os tessalonicenses, principalmente os
cristãos que em sua maioria eram operários, viviam na opressão política.
Com seu novo modo de vida, revolucionaram o mundo de então se opondo ao
imperador e não lhe rendendo adoração requerida. A apatia, o silêncio, deu lugar à esperança e ao testemunho a respeito
de Jesus, aquele que oferece e dá a verdadeira paz e segurança. Aquele que
oferece a verdadeira liberdade. Liberdade que traz igualdade, respeito e honra.
Neste
contexto de vida, são os cristãos, ainda hoje acusados de capitalistas, pelas
classes que querem dominar à custa da dependência do povo aos que governam.
Não,
não somos capitalistas. Somos sim, um povo que aprendeu da Palavra de Deus e
sempre ensinará que: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão”
(Gn 3. 19) e “Quem não quer trabalhar
que também não coma”. (Cl 3.10) E ainda: “que todo o homem coma e
beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.”
(Eclesiastes 3.13).
Com este novo viver, os tessalonicenses
se tornaram modelo na Macedônia, Acaia e toda a parte. Por isso foram chamados
de “fiéis” (1Ts 1.7) ou seja, “resistentes.”
Mas, infelizmente, Timóteo não havia trazido boas noticias ao apóstolo Paulo
sobre esses fiéis. Os bravos iniciantes resistentes
estavam sucumbindo diante da perseguição e das dúvidas a respeito da
ressurreição dos mortos. Os fiéis que haviam depositado toda
confiança em Jesus corriam o risco de viver irresponsavelmente refugiando-se em
falsa segurança e paz da política romana.
Pessoas buscavam e buscam “paz e
segurança” num sistema político humano, falho, opressor, discriminatório e
desigual. No entanto, todo esse sistema não resistiria mediante a segunda
vinda de Jesus.
Para acalmar seus corações, Paulo, Silvano e Timóteo fazem uso do único meio
que pode tranqüilizar os cristãos, anunciaram a mensagem do evangelho. O evangelho, a boa notícia anuncia que:
“Deus não nos escolheu para sofrermos o castigo da sua ira, mas para nos
dar a salvação por meio de Jesus Cristo, que morreu por nós para podermos viver
com ele, tanto se estivermos vivos como se estivermos mortos quando ele vier”(1Ts
5. 9-10). Quando o assunto é fim do mundo e
ressurreição dos mortos, de certa
maneira, vivemos numa falsa segurança.
A falsa segurança que enfrentamos em pleno século XXI
está no fato de não querermos ouvir as profecias a respeito do fim. É compreensível!
Afinal, ouvimos as mais variadas previsões sobre o fim e todas fracassaram.
Pelas falsas previsões, que não aconteceram, resultado e fruto da imaginação
humana, acabamos julgando todas as partes das Escrituras que tratam deste
assunto, de uma maneira bem diferente daquelas feitas por falsos profetas, como
não sendo verdadeiras.
Infelizmente todas as previsões humanas acabaram conduzindo às pessoas a
incerteza quanto à segunda vinda de Jesus. Todos
os fracassos das previsões humanas aconteceram por não ter se dado ouvido à
única certeza da Palavra de Deus: “Jesus virá para julgar os vivos e os mortos num dia como outro
qualquer. Ninguém sabe o dia e hora, será sem aviso, assim como faz um ladrão
ao invadir uma casa.”
O dia do Senhor, a segunda vinda de Jesus tarda, mas não falha. Esse evento é
real, só não sabemos o dia e o momento, mas estaremos em festa, vivendo nossa
vida normal. Pode ser que seja hoje!
Mas,
aos cristãos a quem Paulo escreve dando a certeza da segunda vinda de Jesus, a
preocupação não é com o dia da volta de Jesus. A preocupação cristã é viver e esperar esse dia sem que a expectativa
e a ansiedade atrapalhem o viver hoje. Alguns da Congregação de Tassalônica venderam
tudo que tinham e não queriam mais trabalhar porque achavam que Jesus já
voltaria.
Paulo os adverte dizendo que: Como cristãos vivemos o hoje na certeza do fim que pode ser a qualquer momento. Viver o hoje é viver acordado, ou
seja, em pleno raciocínio. Viver o
hoje é viver vigiando, sendo conhecedor dos fatos que lhe cercam. Viver o hoje é viver sóbrio, sendo
capaz de analisar os fatos a luz da fé. Viver
o hoje significa continuar a fazer o trabalho, cuidar da família, ajudar na
sociedade, viver o cristianismo.
Bem nos adverte o evangelho lido hoje: Quando o senhor
voltou, foi ajustar contas com os empregados: o 1º se apresentou
e disse: Trabalhei e consegui mais cinco, Eis aqui o que é teu Senhor. E
recebeu o elogio: servo bom e fiel, entra na glória do Senhor. Igualmente o 2º se apresentou, e recebeu os mesmos
elogios. O terceiro
não trabalhou, deu uma de parasita e teve que ouvir: “Servo mau e negligente. Tirai dele o que tem, e este servo inútil
lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.
Talvez alguém possa
dizer: “Mas isto refere-se ao trabalho no reino de Deus, na igreja”. Então eu pergunto: Mas a nossa vida cristã é só na Igreja? Não, não é. Nossa vida cristã é em toda
nossa vida, dentro e fora da igreja, como nos ensina a Palavra de Deus.
A motivação para viver acordado,
vigiando e sóbrio vem da esperança e da fé no Senhor Jesus. Sem a fé em Jesus e
sem esperança na certeza da vida eterna corre-se o risco de se perder ao longo
da caminhada cristã. Viver esta fé não significa parar no tempo, parar de
trabalhar.
Já fomos e infelizmente continuaremos sendo enganados pelas previsões humanas a
respeito da segunda vinda de Jesus. Mas, não nos esqueçamos, “...o Dia do Senhor vem como ladrão de noite.
...” Por isso, na fé e na
esperança, cuide para que “...esse Dia não te apanhe de surpresa”.
‘
Assim como os Tessalonicenses, em pleno século XXI, cristãos de todo o mundo correm perigo. O perigo de viverem uma suposta “paz e segurança” política. Perigo de duvidar do ensino correto e
refugiar-se em ensinamentos enganosos a respeito da segunda vinda de Jesus.
Graças a Deus que
temos um auxílio certo e seguro na verdadeira fé e na esperança, por isso: “...animem e ajudem uns aos outros, como
vocês tem feito até agora” (1Ts 5.11).
Não se deixem
enganar pelas falsas previsões de falsos profetas. Continuem vossa vida
trabalhando, cuidando da família, cuidando da Igreja, cuidando da vossa fé no
Senhor Jesus, e podem ter a certeza, que o Dia da volta de Cristo não pegará
vocês de surpresa. Amém.
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