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sábado, 10 de setembro de 2022

Sermão para o 14º Domingo após Pentecostes

 Textos: Sl 14       Is 29.11-19           Ef 5.22-33         Mc 7.1-13

 Tema: O verdadeiro culto que agrada a Deus.

       Qual é o verdadeiro culto que agrada a Deus?

      A pergunta acima poderia ser também: “Qual é a pessoa que agrada a Deus?” Ou: “De quem Deus se agrada?” “Em quem Deus tem prazer?”.

        E isto nos leva a outras perguntas: “De quem Deus não se agrada?” “Em quem Deus não tem prazer?” Ou: “Quem não agrada a Deus?”.

      Podemos tornar as perguntas ainda mais pessoais: “Eu agrado a Deus?” “Deus tem prazer em mim?” “Deus aceita a minha vida?”

       O que me leva a perguntar ainda: “Deus tem prazer no meu culto?” Ainda mais: “Que culto agrada a Deus?”.

       Estas perguntas com certeza estavam embutidas na pregação de João Batista quando conclamava as multidões no deserto: “Preparai o caminho do Senhor! Endireitai as vossas veredas.” Is 40.3

       Os questionamentos acima também estão no meio de um dos tantos encontros entre Jesus Cristo, os fariseus e os mestres da lei.   Desta feita uma comissão de Jerusalém tinha sido enviada para a Galileia a fim de fiscalizar as pregações de Cristo. Os fariseus e mestres da Lei tinham muita inveja de Jesus, pois muitas pessoas o seguiam.     Queriam pegar Jesus em alguma contradição para o condenarem a morte. Para tanto eles eram bem ardilosos. Eles eram especialistas em leis. Na ótica deles, o povo corria perigo, ouvindo a pregação de Jesus e seus discípulos.

       Não demorou muito para acharem ocasião para acusação. Vendo que os discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos, um lavar não só higiênico, mas especialmente, um lavar ritual de purificação, perguntam: “Mestre, por que os teus discípulos comem sem lavar as mãos?”

       Parece uma pergunta justa e inocente. Mas não é.

       Como o evangelista Marcos explica aos seus leitores, “os discípulos de Jesus estavam quebrando as tradições dos antigos, pois havia um ritualismo muito grande sobre purificações”:

       1- quem vinha do mercado tinha que lavar obrigatoriamente as mãos, pois poderia ter se contaminado com uma comida impura ou em contato com alguém não judeu – e era um ritual bem orgulhoso- primeiro lavava-se as mãos, depois erguia-se as mãos para que a água escorresse até os cotovelos e as pessoas ao redor pudessem ver o ritual e a purificação daquele judeu;

       2- jarras e utensílios domésticos também tinham que ser purificados, pois segundo as leis judaicas, o contato desses utensílios com pessoas não judaicas podiam contaminar a alma.

       3- Eis aí uma grande discriminação. Um povo que deveria abençoar todas as nações do mundo, desprezando quem não era da sua descendência.

       Há costumes e costumes. Cada povo tem os seus. Eles são adiáforas na Bíblia, isto é, nem são ordenados e nem proibidos.

       Quando nos ajudam a elevar os pensamentos a Deus, a primeira opção é usá-los e não jogá-los fora.    Daí a dizer que um culto sem eles não é culto, é maldade. Se, por exemplo, o pastor “esquece” o Pai Nosso ou outra parte litúrgica e passamos a comentar: “Hoje não teve culto porque faltou....!” É um exagero e maldade.

       Vale lembrar que, se o ritual se torna letra morta, talvez o problema não seja o ritual, mas a compreensão da pessoa. Temos que atentar para a essência do ritual.

       Diante das fraquezas e incompreensões, Jesus tinha muita paciência. Mas quando identificava má vontade, cegueira, incredulidade e hipocrisia, então ele era duro e direto.

       Como resposta a eles Jesus cita o profeta Isaías: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E: em vão me adoram ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” Cuidam do cumprimento exterior de leis, muitas vezes meras tradições humanas apenas, deixando de lado o que realmente Deus pede.  

       Assim também hoje, quando se coloca leis humanas ao lado da Lei divina, está se incorrendo no mesmo erro.

       O problema do ser humano, de cada um de nós, começa no coração. Somos pecaminosos por natureza e queremos ter a razão em tudo.

       Depois da discussão com estes líderes, Jesus disse em casa, em Cafarnaum, aos seus discípulos: “Não é o que entra pela boca que suja o homem, mas o que sai. Porque é de dentro, do coração, que vem os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas consequências. Estes atos que contaminam o homem.” Mc 7.20-22.

       O que Jesus quer mesmo é um coração limpo, arrependido de seus pecados e que confia nos méritos por ele conquistados na cruz como pagamento por estes pecados. Ser justo diante de Deus não depende do cumprimento de regras em si, mas da aceitação do sacrifício de Jesus.

       Tendo feito calar seus adversários, agora Jesus parte para a ofensiva. Usa de sarcasmo com eles. Aponta para a incoerência deles dizendo: “Se vocês prometeram algo para Deus e vêem seus pais em necessidade, dizem: Estou em Corbã, isto é: “eu não posso ajudá-los por causa da promessa feita a Deus”, se vocês agirem assim, vocês estão invalidando a Palavra de Deus por causa da vossa própria tradição...’.”

       Ora, promessas assim eram voluntárias, não tinham ordem de Deus. Mas, amar o pai e a mãe tem ordem de Deus no Quarto Mandamento.

       Logo, eles não cumpriam um mandamento de Deus por causa de uma promessa às vezes impensada. Em Pv 28.24 está escrito: Quem acha que roubar de seu pai ou de sua mãe não é pecado é pior que um ladrão comum.”

       O verdadeiro culto a Deus se desenvolve no amor ao próximo. Respeitar pai e mãe, ajudar pai e mãe é desenvolver verdadeiro culto a Deus e tem ainda como promessa as bênçãos de Deus por muitos anos de vida. Jesus estabelece a real escala de valores.

       Este amor também deve estar presente entre marido e esposa, a exemplo do que acontece entre Cristo e a Igreja, conforme a leitura da epístola de Ef 5.22-33

       E este amor se estende a todas as pessoas, aos inimigos também, pois Jesus ordenou: “Orai pelos que vos perseguem”.

       Qual é o verdadeiro culto a Deus? Arrependimento, fé e amor. Isto acontece em primeiro lugar no coração. Mas não fica aí. Parte para o louvor de lábios (culto) e vivência do amor ao próximo (dia a dia).

       Deus Espírito Santo nos assista e nos oriente para não colocarmos nossos costumes, tradições, regras e regimentos acima da Palavra de Deus. Amém.

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