TEMA DO
LIVRO: O profeta Isaías trouxe a mensagem de juízo de Deus às nações, anunciou
um rei futuro, à semelhança de Davi, e prometeu uma era de paz e tranquilidade.
Isaías, filho de Amós,
provinha, ao que parece, de uma rica e respeitável família de Jerusalém, visto
que não somente se registra o nome de seu pai, mas ainda desfrutava de estreita
relação com a família real e com os mais altos funcionários do governo. Embora,
talvez, tenha iniciado seu ministério profético no final do reinado de Uzias,
menciona o ano da morte deste rei, provavelmente 740 a.C, como a época em que
recebeu a unção e incumbência especial de Deus no templo (capítulo 6). Foi-lhe
ordenado que pregasse com intrepidez e de modo inflexível uma mensagem de
advertência e denúncia contra seu povo, pela impiedade de conduta e pela
idolatria, chamando a nação para um sincero arrependimento e reforma religiosa.
O idólatra rei Acaz odiou-o e criou-lhe obstáculos, mas foi favorecido e
respeitado pelo rei Ezequias (716-698 a.C.), o qual, contudo, não levou em
conta as advertências do profeta contra a aliança com o Egito. Isaías foi,
provavelmente, martirizado pelo rei Manassés, brutal e depravado filho de
Ezequias, isso por volta do ano 680 a.C.
Isaías é conhecido como o
profeta evangélico, visto que nos proporciona a mais ampla e clara exposição do
evangelho de Jesus Cristo registrada no Antigo Testamento. Semelhante, em determinados
aspectos, à epístola aos Romanos no Novo Testamento, Isaías serve de compêndio
das grandes doutrinas da era pré-cristã, e se ocupa de quase todos os pontos
cardiais na escala da teologia. Acentua de modo especial a doutrina de Deus,
sua onipotência, sua onisciência e seu amor redentor. Em confronto com os
deuses imaginários dos adoradores pagãos de ídolos, Deus se revela como o
verdadeiro Deus, o Soberano Criador do Universo, que ordena todos os
acontecimentos da história de acordo com um plano-mestre que ele próprio
estabeleceu. Mediante a demonstração de sua autoridade e inspiração de sua
Palavra, cumpre maravilhosamente as predições pronunciadas muito antes pelos
profetas. Ele é o mantenedor da lei moral, que traz a juízo todas as nações ímpias
dos pagãos, inclusive as mais ricas e poderosas dentre elas, e destina-se ao
montão de cinzas da eternidade, ao passo que seu povo escolhido vive para lhe
glorificar o nome.
É, acima de tudo, o Santo
de Israel que Isaías apresenta como o Senhor que o inspirou a profetizar. Em
sua qualidade de Santo, exige acima das formalidades da adoração mediante
sacrifícios, o sacrifício vivo de uma vida piedosa. Para este fim, apresenta as
mais vigorosas persuasões dirigidas à consciência de seu povo, tanto na forma de
advertência e apelos proféticos, como nas ameaças de castigo destinadas a levá-los
ao arrependimento. Mas, na qualidade do Santo de Israel, apresenta-se como
responsável para com seu povo da aliança, e o fiador fiel de suas misericórdias
promessas de perdoar-lhes, quando se arrependerem, e libertá-los do poder do
inimigo. Está preparado para resgatá-los dos assaltos de seus arrogantes
opressores gentios, e trazê-los, da escravidão e do exílio, para a Terra
Prometida.
Entretanto, na análise
final, até mesmo os crentes israelitas, instruídos nos ensinos do Antigo
Testamento e usufruindo de incomparáveis privilégios de acesso a Deus,
demonstram ser inerentemente pecaminosos e incapazes de salvar-se a si mesmo do
mal. Seu livramento final só pode provir do Salvador, do Messias divino e
humano. Este Emanuel, nascido de uma virgem, que é o próprio poderoso Rei,
estabelecera seu trono como rei de toda a terra, e porá em vigor as exigências
da santa lei de Deus, ao estabelecer a paz universal, a bondade e a verdade
sobre o mundo todo. Contudo, este Messias soberano obterá o triunfo somente
como Servo do Senhor, rejeitado e desprezado por seu próprio povo, oferecendo
seu corpo sagrado como expiação pelos pecados deles. Mediante o sofrimento e a
morte, libertará a alma não somente dos verdadeiros crentes de Israel como nação,
mas também de todos os gentios (pessoas não judias) de terras distantes que
abrirem o coração para receberem a verdade. Tanto os judeus como os gentios
formarão um rebanho de fé e constituirão os súditos felizes de seu Reino, que
está destinado a estabelecer o governo de Deus e assegurar a paz de Deus sobre
toda a terra.
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