Artigo: Corrupto eu? Nunca!
Alexandre
Borella Monteiro*
Estamos vivenciando uma época em que a
política passou a fazer mais parte de nosso cotidiano, por dois motivos: o
primeiro, e mais óbvio, por causa das eleições municipais; o segundo, o
julgamento dos envolvidos no escândalo do Mensalão. O eleitor, acompanhando os noticiários e a propaganda eleitoral, chega
à seguinte conclusão: todos
os políticos são ladrões, corruptos, enfim, não prestam. Pensando dessa
maneira, acaba muitas vezes nem pensando direito ou nem refletindo melhor na
hora de depositar seu voto na urna eletrônica. E assim coloca todos os
candidatos em um mesmo patamar e quem agradece, são os ruins. O que pretendo dizer nesse texto é a
seguinte mensagem: Sabem quem é que tem o poder de mudar a política, de começar
a torná-la mais limpa? É você que está lendo. A tese que pretendo
desenvolver vai incomodar um pouco, mas é verdade e vai concordar comigo. O político é corrupto porque o povo é
corrupto. E para explanar melhor essa ideia, usarei alguns crimes, os mais
conhecidos: o peculato, a corrupção e
o tráfico de influência. E vou mostrar como são praticados por gente
que nem imaginamos. Gente como... você.
Encabeça
a nossa lista de crimes contra a administração pública o Peculato. Ele se
consuma quando um funcionário público, fazendo-se valer do cargo, se apropria
de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel em proveito próprio ou alheio. Em nossa
mente vem a condenação de João Paulo Cunha por este crime. Mas ele pode ter
sido praticado em outro lugar. Na sua cidade. Se concebemos a ideia que quando
um funcionário se aproveita do cargo para se apropriar ou desviar qualquer bem,
valor ou serviço da prefeitura em proveito próprio de outra pessoa como
Peculato, podemos tirar algumas conclusões até meio incômodas. Uma delas: pegar a máquina de
cortar grama da prefeitura para aparar o jardim de casa; sair com o carro
oficial para um passeio particular; pedir que um funcionário público preste um
serviço particular durante o seu horário de expediente. Não podemos nos
esquecer que a gasolina do carro oficial, bem como o salário do servidor, são
pagos com o dinheiro dos impostos, de todo mundo, logo, devem ser utilizados
para o bem coletivo, nunca para servir a uma só pessoa.
O
segundo crime da minha lista é o de Corrupção. Este é dividido em: Corrupção
Ativa e Passiva. O primeiro caso é quando alguém oferece vantagem, dinheiro
ou qualquer outro benefício para que outra pessoa faça ou deixe de fazer algo.
O segundo, é quando alguém solicita ou aceita vantagem, dinheiro ou qualquer
outro benefício para fazer ou deixar de fazer algo. Grosso modo, o Mensalão foi basicamente um crime
de Corrupção. Foi um esquema montado em que se pagava parlamentares para que
votassem a favor dos projetos do governo. Mas esse é um crime praticado por todos desde a mais tenra idade. Quando um candidato a presidente de sala
de aula promete deixar os amigos jogarem no seu vídeo game em troca do voto,
está praticando a Corrupção Ativa. Já aconteceu de votar em algum
político por causa de uma promessa de ganhar, em troca do voto, alguma
vantagem, como emprego, um reparo na rua onde mora, tijolos para construir sua
casa, alguma facilidade com o poder público ou qualquer coisa parecida? Se já
exigiu ou aceitou essas vantagens? Se já decidiu seu voto baseado nelas, então
parabéns, você acabou de entrar para um seleto grupo, ao qual pertencem pessoas
ilustres, como José Dirceu, João Paulo Cunha, Marcos Valério, José Genuíno... e
sabe do melhor? Não poderá mais criticar nenhum outro político, pois é tão
corrupto quanto eles.
O
terceiro, é o Tráfico de Influência. Este se dá quando um funcionário
público, usando sua posição, consegue para si ou para terceiros; vantagens,
contratos, empregos, em detrimento da igualdade de condições. Trocando em
miúdos: quando um candidato a prefeito ou a vereador promete que se eleito, vai
conseguir um contrato ou mesmo um emprego, usando sua influência para frustrar
a licitude de um Concurso Público, ou de uma Licitação. Nesse caso ele incorre
em Tráfico de Influência e ainda comete Crime de Improbidade Administrativa que
fere aos Princípios da Administração Pública, podendo perder seu mandato, ter
seus direitos políticos suspensos e fica sujeito ao pagamento de multa.
Agora
pense: você nunca
votou com o intuito de levar alguma vantagem? Nunca deixou de votar por não ter
recebido tal vantagem? Nunca mudou de voto em virtude de ter recebido uma
proposta melhor de “compra”? Se sim, apenas corrobora a tese de que o político é corrupto porque o
povo também é. Se não quer fazer parte desse seleto grupo, quando souber
de alguém que pretende ganhar votos oferecendo vantagens, denuncie. Esse
candidato poderá ser impugnado e você poderá dizer que ajudou a limpar a
política. Se um produto não é comprado, acaba saindo de circulação. E mais, um
político que oferece vantagens pra ser votado, já está cometendo crimes antes
de ser eleito. Se votar nele, irá ajudar a eleger alguém que sabidamente não
presta. Como poderá reclamar? O jeito é denunciar, é aconselhar os outros a não
depositar sua confiança em candidatos que compram votos, que oferecem empregos
em troca de sua eleição. Agora, se você exigiu algo para votar, mesmo que seja
um emprego, merece tanto ser punido, quanto os corruptos do Mensalão.
*Técnico
em Assuntos Educadionais - Universidade Federal de Santa Maria/CESNORS
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