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terça-feira, 4 de novembro de 2014

ESTUDO PARA REFLEXÃO

Não compreendo a Trindade, vocês poderiam me ajudar?

ESTUDO – SANTÍSSIMA TRINDADE
a) A Unidade de Deus
     1. Uma só essência. “Há uma só essência divina, que é chamada Deus e que é Deus” (Confissão de Augsburgo, artigo I, 2). “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Marcos 12.29). “Muito bem, mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele” (Marcos 12.32).
     2. A Bíblia nos ensina o monoteísmo. A Bíblia ensina um monoteísmo estrito, e exclui definitivamente qualquer forma de dualismo e politeísmo. O dualismo ensina a existência de dois seres superiores mutuamente hostis, um deles representando tudo o que é moralmente bom e benéfico ao homem, enquanto o outro é a fonte de todo pecado e mal. O politeísmo é a crença em mais de um Deus tal como se vê na religião dos antigos gregos e romanos. Tanto o dualismo como o politeísmo virtualmente destroem o conceito de Deus como sendo a mais alta essência. se há mais do que um Deus, cada qual necessariamente deve estar limitado em sua esfera pelo outro, e é possível pensar um Deus que seja mais elevado do que os outros. Na verdade, há muitos que são chamados deuses pelos homens (“Porque, ainda que há também alguns que se chamam deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores.” conforme 1 Coríntios 8.5). Todavia, estes não são deuses quanto à essência. São apenas considerados deuses e como tais adorados. Não são deuses, mas os homens os tornam deuses. “Sabemos que o ídolo de si mesmo nada é no mundo, e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8.4).
      3. Importância prática. Ao adorarmos esse Deus único, não entramos em conflito com qualquer outro. Se ele nos abençoa, nenhum outro deus pode amaldiçoar-nos. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31). Mas se ele se volta contra nós, ninguém há que nos livre de sua mão (Jó 10.7). Dele não há apelo para alguém mais alto e mais poderoso, porque não há outro Deus além dele. De sorte que é a ele, e somente a ele, que devemos adorar e a ele devemos voltar-nos para ajuda e salvação. “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3).
     b) A Trindade de Deus
     1. Três pessoas distintas. Na essência indivídua e indivisível de Deus há três pessoas distintas. “E o termo pessoa usam-no como os pais o usaram, não para significar uma parte ou qualidade em outro, mas aquilo que subsiste por si mesmo” (Confissão de Augsburgo, artigo I, 4).
      Prova Bíblica – A doutrina da Trindade não é evolução neotestamentária, como alguns pensam. Também é ensinada claramente no Antigo Testamento. “Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isto vem acontecendo tenho estado lá. Agora o Senhor me enviou a mim o seu Espírito” (Isaías 48.16). Aqui se distinguem claramente três pessoas. “O teu trono, ó Deus, é para todo sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros” (Salmo 45.6,7). Aqui Deus é ungido por Deus com o óleo da alegria, que é o Espírito Santo (“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder” Atos 10.38). Já nos primeiros versículos da Bíblia tomamos conhecimento de Deus, e do Espírito de Deus e da palavra de Deus, por quem todas as coisas foram criadas (Gênesis 1.1-3; João 1.1-3). Em virtude de haver mais de uma pessoa Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1.26). No Novo Testamento aprendemos que três pessoas distintas foram reveladas por ocasião do batismo de Cristo (“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Mateus 3.16,17), e que todas as nações devem ser batizadas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (“Ide, portanto fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Mateus 28.19).
     2. O Pai é verdadeiro Deus. Do Pai diz Jesus que ele é o “único Deus verdadeiro” (João 17.3). O apóstolo Paulo escreve: “Para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos” (1 Coríntios 8.6).
Ele é pessoa distinta do Filho. Deus deu “o seu Filho unigênito” (João 3.16). Na plenitude do tempo “Deus enviou seu Filho” (Gálatas 4.4). Também é distinto do Espírito Santo, já que ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder (Atos 10.38). Em Gálatas 4.6 se mostra que ele é distinto do Filho e do Espírito: “Enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho.”
O Pai, ele mesmo não gerado, gerou o Filho desde a eternidade. “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Salmo 2.7). Juntamente com o Filho ele envia o Espírito Santo desde a eternidade. “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade que dele procede, esse dará testemunho de mim” (João 15.26).
      3. O Filho é verdadeiro Deus. “Este (Jesus Cristo) é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 João 5.20). Paulo diz dele que é “sobre todos, Deus bendito para todo sempre” (Romanos 9.5). Não é apenas semelhante ao Pai, mas é igual ao Pai, da mesma essência. De sorte que todos devem honrar ao Filho “do modo por que honram o Pai” (João 5.23).
É distinto do Pai (João 3.16; Gálatas 4.4) e do Espírito Santo, ao qual chama “outro Consolador”, diverso dele (João 14.16,17).
É gerado pelo Pai desde a eternidade (Salmo 2.7; João 3.16), e juntamente com o Pai envia o Espírito da verdade (João 15.26).
     4. O Espírito Santo é verdadeiro Deus. Pedro diz a Ananias que ele mentiu a Deus quando mentiu ao Espírito Santo (Atos 5.3,4). Os cristãos são chamados templo de Deus porque o espírito Santo habita neles (1 Coríntios 3.16).
É distinto do Pai e do Filho, pois em João 14.16 Cristo faz clara distinção entre ele, o Pai e o Consolador.
      O Espírito Santo não gerou nem foi gerado, mas procede do Pai e do Filho desde a eternidade. É o Espírito do Pai (Mateus 10.20) e do Filho (Gálatas 4.60). Procede do Pai e ao mesmo tempo é enviado pelo Filho (João 15.26). “Soprou (Jesus) sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20.22).
      A eterna geração do Filho pelo Pai e o eterno proceder do Espírito Santo do Pai e do Filho são fatos claramente ensinados na Bíblia. Mas não são explicados, de sorte que são profundos mistérios para nós. Aprendemos e cremos o que a Bíblia diz a respeito desse mistério e de outros, mas não podemos compreendê-los.
     5. A Trindade na Unidade. O Pai é Deus; o Filho é Deus; o Espírito Santo é Deus. Todavia não há três deuses, senão que um só Deus. “Assim como a verdade cristã nos compele a reconhecer que cada pessoa é Deus e Senhor, da mesma forma a religião católica nos proíbe dizer que há três deuses ou três senhores” (Credo Atanasiano). Nem está a divindade separada em três pastes, como se cada pessoa fosse um terço dela. Cada pessoa é a plenitude da divindade (Colossenses 2.9). Também não é assim que cada uma seja apenas uma diferente manifestação ou fase da essência divina, como gelo ou vapor são formas diferentes da água. Cada uma é pessoa distinta e é o Deus pleno e completo. Assim o Pai é o único Deus (João 17.3), o filho é o único Deus (1 João 5.20), o Espírito Santo é o único Deus (Atos 5.3,4). Não há subordinação de uma pessoa a outra. As três pessoas são de idêntica ordem e majestade, não devendo uma ser preferida da outra (João 5.23). São pessoas definidamente distintas, mas de uma só essência. Cristo diz: “Quem me vê a mim, vê o Pai” (João 14.9). E: “Eu e o Pai somos um” (João 10.30). No texto grego o “um” mostra a unidade da essência das duas pessoas. Quando Cristo diz que o Pai é maior do que ele (João 14.28), isso não se deve entender da divindade, mas da humanidade de Cristo em seu estado de humilhação. “Igual ao Pai no respeitante à divindade, e inferior ao Pai quanto à humanidade” “Adoramos a um Deus na Trindade e a Trindade na unidade; nem confundindo as pessoas, nem dividindo a substância” (Credo Atanasiano).
     6. Nosso Deus é incompreensível. É incompreensível em sua essência. não sabemos o que é a sua essência, em que consiste. Também é incompreensível em seus atributos. De acordo com as Escrituras distinguimos efetivamente entre essência e atributos. Todavia, os atributos de Deus não são qualidades que inerem à substância divina. Visto que Deus é um ser absolutamente simples e indivisível, sua essência e seus atributos são uma mesma coisa. “Deus é amor” (1 João 4.8). Deus é incompreensível em sua Trindade na unidade. Não há analogia, símile ou ilustração no pensamento humano que possa classificar esse mistério profundo.
       É fútil e néscio tentar penetrar no mistério de Deus mais profundamente do que o revelado na Bíblia. A mente finita do homem simplesmente não pode compreender o Deus infinito. Ele transcende o pensamento conceptual e se esquiva do entendimento intelectual. Contentemo-nos para o presente com o que lemos na Bíblia: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é” (1 João 3.2).
     7. A doutrina da Santíssima Trindade é artigo fundamental da fé cristã. “Aquele  que quer ser salvo deve pensar assim da Trindade” (Credo Atanasiano). Fé no Deus triúno quer dizer mais do que aceitar a doutrina de que há três pessoas em uma só substância. Inclui confiança na obra salvadora da Trindade.
Julian Carlos Ditchum, pastor.

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