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sexta-feira, 19 de abril de 2019

MENSAGEM PARA SEXTA-FEIRA SANTA

Ler - Mt 27.54; Mc 15.39; Lc 23.47. 
Introdução
     Temos o privilégio de contemplar hoje o grande mistério do amor de Deus, revelado em Cristo. Não podemos compreender o mistério, mas importa crer. Para o incrédulos ele é “escândalo e loucura”, para nós, que cremos (1 Co.1.118) , a maior fonte de consolo, paz e esperança. 
     Alguém disse certa vez: “Na Sexta-feira Santa não se deveria pregar, tão somente ler os trechos da Bíblia que falam sobre a paixão de Cristo”. Por isso, em muitas comunidades no passado, não havia cultos com pregação, na Sexta-feira santa, só cultos de leitura dos evangelhos. 
     Ao pregar hoje, queremos colocar-nos ao pé da cruz, ao lado do centurião romano que comandou a crucificação e observar o que aconteceu ali. 
     A Bíblia não nos revela o seu nome. Sem dúvida o encontraremos no lar celestial. Alguns historiadores o chamaram de Sicardus.
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1. Preliminares
     O centurião (comandante de cem soldados) foi cedo ao palácio de Pôncio Pilatos. Chegando lá, seu colegas lhe disseram: Temos tumulto. Você recorda aquele Jesus que foi festejado como rei, no início da semana, ao entrar em Jerusalém? Hoje os judeus o trouxeram aqui. Querem que Pilatos dê a ordem para crucificá-lo. 
     Sicardus acompanhou o processo com atenção. Ele havia ouvido muito a respeito de Jesus. Notou como a inocência de Jesus resplandecia cada vez mais. Ouviu as acusações dos fariseus: Ele se diz rei e filho de Deus. Sicardus ficou admirado com a vacilação de Pilatos que, reconhecendo a inocência de Jesus, cedeu à pressão dos fariseus. Temia por sua honra e seu posto. Isto não era próprio das autoridades romanas, que primavam por sua justiça. Pilatos, mesmo reconhecendo a inocência de Jesus, mandou açoitá-lo. 
     [Sicardus conhecia essa realidade. Ele era soldado germânico (conforme historiadores). Foi preso. Tornou-se soldado romano e chegou ao posto de centurião.] Não há pessoa, por mais forte que seja, que resista aos açoites sem gemer e gritar de dor. Jesus guardou silêncio. Que homem é esse? Indagou-se Sicardus. Não demorou, ele recebeu a ordem de, com seus homens, crucificar Jesus e mais dois condenados. 
     Chegados ao Gólgota, mandou preparar as cruzes. Antes de os condenados serem pregados nas cruzes recebiam vinagre com fel para beber, isso amainava um pouco as dores. Sicardus notou que Jesus não bebeu. As cruzes foram erguidas. Sicardus parou à pequena distância.
      Ele ouviu como a multidão, liderada pelos fariseus, escarnecia e zombava de Jesus. De repente a oração de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Essas palavras penetraram fundo na alma de Sicardus. Ele se sentiu incluído na oração. Como era possível, alguém que sofre tantas injustiças, orar por seus inimigos? Ele, Sicardus sofreu injustiças quando prisioneiro de guerra. Até hoje não conseguia perdoar a seus algozes. Orar pelos inimigos, amar os inimigos, isso era algo nunca visto. Disso o coração do ser humano não é capaz. Novamente se viu diante da pergunta: Quem é esse homem? 
     De repente viu uma senhora, já de certa idade, se aproximar à cruz. Um soldado queria impedi-la, mas Sicardus lhe gritou: Deixe-a! Ela se aproximou e abraçou os pés de Jesus. Em breve um homem de meia idade se aproximou de Jesus. E Jesus disse: Mulher, eis ai o teu filho. E ao discípulos amado: Eis aí a tua mãe. Então, essa era a mãe de Jesus? O discípulo João, a tomou pelo braço e a conduziu para casa (Jo 19.26,27). Sicardus não conseguiu evitar algumas lágrimas.Resultado de imagem para Imagens do centurião na crucificação 
      Então ouviu o pedido de um dos malfeitores: Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. Jesus lhes respondeu: Em verdade, te digo que hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23.42,43). Estava aqui a resposta que Sicardus tanto procurou na vida: Qual é a razão da vida? O que será após a morte? Nenhum filósofo sabia dar a resposta. Mas aqui, esta resposta soou claramente. Sicardus, desejou no íntimo, trocar sua posição com o malfeitor a quem Jesus dirigiu a resposta. “Estarás comigo no paraíso”, só isso dá sentido á vida. De repente ouviu gritos da multidão em seu derredor. Ele acordou de seus pensamentos e viu que o sol se escureceu. A natureza escondeu seu rosto diante do sofrimento do Filho de Deus. As trevas duraram três horas, que pareciam uma eternidade. (Mt 27.45-46)
     Então Jesus exclamou: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste. Pouco depois, Jesus clamou em alta voz: Está consumado (Jo 19.30). E: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E tendo dito isso, expirou. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto abaixo: tremeu a terra... O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de grande temor. Após tudo o que Sicardus ouviu e viu, as coisas começaram a clarear-se em sua mente, o que o levou à exclamação: Verdadeiramente este era o Filho de Deus (Mt 27.51-54). 
     Ele que conhecia os Dez Mandamentos e vários trechos do Antigo Testamento, bem como a esperança dos judeus por um Messias. Compreendeu agora o que estava acontecendo aqui na cruz. Aqui o verdadeira Filho de Deus estava, como substituo de toda a humanidade, lutando pela salvação da mesma. A saber, em Cristo Deus estava reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões (2 Co 5.19). Em Cristo há salvação para a humanidade e para mim. 
      Isto foi sua profissão de fé. Ele não se envergonhou disso. Ele nem notou que - muitos, quando começaram as trevas, voltaram para casa apavorados – os poucos que ali ficaram, soldados, fariseus e povo – chegaram à mesma conclusão: Este era o Filho de Deus. O seu exemplo inspirou a muitos. Mais tarde, no ano 303 d.C., quando outro centurião, Gordius de Cesareia, foi intimidado a negar a sua fé em Cristo, este respondeu: “Lembro-me do primeiro centurião que estava ao pé da cruz, ele não temeu confessar sua fé diante dos judeus enfurecidos; assim eu confesso: Jesus é o verdadeiro Filho de Deus”. Devido à sua confissão, o centurião Gordius foi morto. 
     Neste propósito: de arrependimento, de fé, e de confissão estamos hoje ao pé da cruz em adoração. Também nós queremos crescer na fé, no confessar Jesus e ser fiéis até ao fim. Dizemos com o poeta sacro:
As feridas tão cruentas / são vertentes que nos dão
água viva, com que alentas / o sedento coração.
Teu amor divino e eterno / nos conduz ao lar paterno,
Oh! Não seja em vão, Senhor, / teu martírio expiador! (HL 81.4) 

Horst R. Kuchenbecker

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