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domingo, 14 de abril de 2019

REFLEXÃO PARA O PERÍODO DA QUARESMA


O FRUTO DO PENOSO TRABALHO
Mt 27.54-61
Mc 15.39-47
Lc 23.47-50
Jo 19.31-42
Is 53; At 2
     Pelas três horas da tarde, “Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” E, dito isto, expirou.” (Lc 23.46). Tendo Jesus falecido, houve um forte terremoto. O véu do santuário no templo, “rasgou-se pelo meio” (Lc 23.45). Agora o caminho para o Pai estava aberto. “Abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos, que dormiam ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passara, ficaram possuídos de grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mt 27.52-54). “E todas as multidões reunidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, retiraram-se a lamentar, batendo nos peitos (Lc 23.47).” 
     O profeta Isaías escreveu: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito” (Is 53.11). Na explicação do segundo Artigo do Credo Apostólico, confessamos: “Pois me remiu a mim, homem perdido e condenado, me resgatou e salvou de todos os pecados, da morte e do poder do diabo; não com ouro ou prata, mas com seu santo e precioso sangue sua inocente paixão e morte, para que eu lhe pertença e viva submisso a ele, em seu reino, e o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança.” (Cat. Menor, 2° Artigo). Que palavras cheias de vida, consolo e poder. Deus nos oferece este precioso fruto da salvação: perdão dos pecados, vida e eterna salvação em sua palavra e seus sacramentos. Quem se apega a esta graça de Cristo pela fé, não se cansa de ler e meditar nestas palavras de dia e de noite (Sl 1.2), para delas receber consolo, paz, força e esperança.
     “Para que eu lhe pertença.” Este é o fruto do seu penoso trabalho, “para que eu lhe pertença.” Quando? Agora! Aquele que confia na graça de Cristo, Deus lhe concede o poder de ser filho de Deus (Jo 1.13,14). O pertencer a Deus é descrito na Bíblia de muitas formas. Confira os seguintes versículos: membros do corpo de Cristo (1 Co 12.13), filhos de Deus (Rm 8.16), herdeiros do céu (Tt 3.17), templos do Espírito (1 Co 6.19), sacerdotes reais (1 Pe 2.9). Ser propriedade de Cristo inclui em primeiro lugar o consolo.  
     A lei não pode mais nos acusar, Cristo a cumpriu por nós. Satanás não tem mais poder sobre nós, Cristo o venceu. A morte eterna não tem mais poder sobre nós e a morte temporal, pela qual ainda teremos que passar - exceto se o juízo final nos colher em vida, então seremos imediatamente transformados, 1 Co 15.51,52) - Jesus a transformou em porta para o céu. Sim, Jesus nos libertou: a) do pecado, isto é: da dívida, do castigo e do domínio do pecado (1 Pe 2.24; Cl 3.13; 1 Pe 1.18,19); b) da morte, isto é, não preciso temer a morte temporal, porque a morte eterna não tem mais poder sobre mim (Hb 2.14,15; 2 Co 1.10; 1 Co 15.55,57); c) do poder de Satanás, isto é, Satanás não pode mais me acusar e eu posso resistir-lhe vitoriosamente (Gl 3.15; l Co 3.8).
Oração: “As feridas tão cruentas são vertentes que nos dão água viva, com que alentas o sedento coração. Teu amor divino e terno nos conduz ao lar paterno. Oh! Não seja em vão, Senhor, teu martírio expiador!” (HL 81.4).
      Viva submisso a ele
    "E viva submisso a ele, em seu reino, e o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança.” Somos, pela fé na graça de Cristo, filhos de Deus. Somos novas criaturas e templos do Espírito Santo. Temos uma mente nova, uma nova visão da vida, e novas forças. Temos alegria em servir a Cristo (Sl 199.77). Vivemos “em novidade de vida” (Rm 6.4; 7.6). Isto se expressa pelo apego à Palavra de Deus e aos cultos, pelo orar sem cessar (1 Ts 5.17), bem como na luta diária contra o pecado (Gl 5.16-26). 
     Jesus nos governa. No seu reino impera a graça, o perdão dos pecados. “Para que eu o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança.” O sirva sem medo, sem coerção da lei, voluntariamente e com alegria. Não com minha justiça própria, porque esta é imperfeita, mas vestidos com a justiça de Cristo. A graça de Cristo cobre nossas imperfeições “abundante e diariamente”. O seu sangue nos lava continua e completamente de nossos pecados. Assim servimos vestidos com a justiça de Cristo. A tônica da teologia bíblica está no “Cristo por nós”. Este é o consolo e a força, e não o “Cristo em nós”. O Cristo “em nós” é o resultado do Cristo “por nós”. A partir disto, Lutero mostrou que a vida santificada do cristão não é exercida em ações na igreja, mas no exercício dos deveres na vida diária (Tábua dos Deveres). Na igreja e nos departamentos nos reunimos para o estudo da palavra de Deus e para planejarmos juntos o trabalho de levar a palavra de Deus a todas as nações e somar forças para tanto.
     A vida sob a cruz ...
    Esta vida, enquanto aqui na terra, envolve luta diária. A imagem divina foi parcialmente restituída em nós. “E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24). Temos ainda nossa natureza carnal, que “milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si” (Ef 5.17).
     Assim somos “simul justos et peccator, totaliter” (Somos simultânea e totalmente justos e pecadores). Este “simultaneamente” precisa ser lembrado e compreendido. Não é assim que na hora do culto sou mais santo e na hora do meu trabalho sou mais pecador. Não! Somos, pela fé na graça de Cristo, e enquanto na fé, diante dos olhos de Deus totalmente santos, porque Deus nos perdoa abundante e diariamente todos os pecados. E ao mesmo tempo, conforme nossa natureza carnal, que não muda, somos totalmente pecadores. 
     Tudo o que fazemos, sim, nossas melhores obras são ainda imperfeitas, manchadas de pecado e precisam ser purificadas e lavadas pelo sangue de Cristo. Assim servimos a Deus jubilando em sua graça e ao mesmo tempo chorando sobre nossas fraquezas, imperfeições e pecados diários. Assim servimos a Deus em “eterna justiça, inocência e bem-aventurança.” Isto é, vestidos com a eterna justiça e inocência de Cristo que nos é atribuída por fé, temos acesso ao Pai e somos agradáveis a ele. Esta eterna justiça e inocência é que purifica todos os nossos atos e nos torna agradáveis a Deus. Esta eterna justiça e inocência é nossa permanente vestimenta. É dela que temos toda a alegria e bem-aventurança, a certeza do perdão e a esperança da vida eterna. Dela nos advém também, diariamente, a força para a luta e o servir a Cristo, bem como toda a saudade de estar com Cristo.
     Ansiamos por ser transformados e estar com Cristo. Não simplesmente libertos da matéria. Não. A simples libertação da matéria, é uma ideia espírita. Nosso corpo material é um dom precioso. E Deus não nos criou para a morte, mas para a vida. Em breve o pecado será totalmente afastado de nosso corpo, pois aguardamos a ressurreição. Então viveremos de corpo e de alma, pela graça de Cristo com o nosso Senhor e Salvador Jesus, no seu reino, eternamente. Mas enquanto Deus nos deixar aqui, nosso principal propósito de vida é aquele que confessamos ao sairmos da mesa da santa ceia, quando o pastor nos diz: Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice: - Anunciais a morte do Senhor até que ele venha.
     Oração: “Jesus, Senhor amado, fizemos-te sofrer; tu foste condenado, sem mal algum fazer. Pois tudo suportaste, pensando sempre em mim. Por mim à cruz levaste o meu pecado assim. ... Perder não quero agora a minha salvação; arrependida,
implora minha alma o teu perdão. Pecado, inferno e morte não podem me magoar; em ti, bendita sorte terei no eterno lar” (HL 98.1,4).
Horst Kuchenbecker

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