Era uma vez o Reino Encantado da
Igreja, um Reino bonito e alegre. Lançou-se a convocação para que todos os
membros desse Reino se reunissem para tratar de um assunto muito sério, o
chamado de um novo pastor, pois o reino estava vacante. Em polvorosa resposta,
chegaram de todos os cantos, as mais diversas pessoas para participarem da
importante escolha. Uns já decididos; outros sem saber o que fazer direito ali;
alguns com dúvidas e também havia aqueles pensativos, porém todos preocupados
com a situação na qual o Reino se encontrava. Resolver logo o problema era o
intuito de todos.
Logo que a Assembléia iniciou-se,
burburinho e conversas, as vozes se misturavam em som de mil sem chegar a
nenhuma conclusão. Até que um jovem senhor, chamado Luís Intento, deu a
seguinte sugestão:
– É preciso montar o perfil do
pastor! Para que possamos escolher melhor quem nos atenderá e se encaixará em
nosso Reino. – Foi aceita com alegria a proposta do jovem senhor.
Já que essa sugestão serviu para
acalmar melhor o povo que ali se reunia, e colocar logo a maioria a pensar com
seus botões, o primeiro a se manifestar foi o Zeca Coralino, amante das artes:
– Eu acho que precisamos de um
pastor que seja bom músico! Precisa tocar pelo menos violão e órgão. Reger o
pequeno coro de nosso Reino e também puxar o canto em dias de culto. – A maioria
concordou com acenos de cabeça.
Chico Boleiro não perdeu a
chance:
– Também não seria interessante
se o novo pastor fosse bom em esportes. Isso é necessário para que consiga
trazer os jovens para a igreja, e também para as reuniões de jovens, poucos
participam atualmente. Só assim para reanimar os mais novos a participarem. – Se
alguém não concordou com a sugestão, ficou quieto.
Algum tempo de reflexão nas
palavras de Chico Boleiro e o próximo se manifestou, era Manoel Feitor, e disse
com ar sério:
– Todos sabem do nosso
patrimônio, a estrutura do templo, casa pastoral, jardins e carro. Seria bom um
pastor que cuidasse disso tudo com carinho. Podemos encaixar no perfil que nós
almejamos um pastor que tenha habilidades de eletricista, jardineiro, pintor,
um pouco de pedreiro para reparos rápidos e, se possível, mecânico, seria
bastante útil para economizarmos um pouco. – Só faltaram as palmas dos que
estavam presentes, esta sugestão para o perfil do pastor quase foi a melhor do
dia se o Álvaro Prático não tivesse dado uma dica muito importante:
– Gente! Precisamos de um pastor
experiente, de preferência formado em alguma outra faculdade. Também, seria bom,
se falasse outro idioma. – E foi a próxima fala que o povo do reino adorou –
Todos vocês sabem como está a situação de nosso reino, o tesouro real não anda
lá essas coisas, por isso, o ideal no perfil do novo pastor, é que ele aceite
receber um soldo menor do que pagávamos para o nosso pastor anterior. – As
pessoas concordaram sem pestanejar.
O perfil do pastor, tão desejado
por todo o Reino Encantado da Igreja, estava ficando perfeito. Não faltava mais
nada para escolher os nomes que se encaixavam no perfil e assim, pudessem
mandar o real convite para o escolhido da maioria. Todos estavam satisfeitos,
ou melhor, quase todos. Sentado lá no fundo, prestando bastante atenção na
conversa, João Sensato levantou-se devagar, foi até a frente da Assembléia, pediu
a palavra e fez uma simples pergunta, antes de sair e deixar, agora todos,
pensando com seus botões:
– Não teria como encaixar nesse
perfil um pastor que também pregue a Palavra de Deus e administre os
Sacramentos como Deus ordenou?
Silêncio no Reino.
*Isto
é uma história de ficção, qualquer semelhança é mera coincidência.
Elber
Leomir Schreiber
1 comentários:
Belo artigo Élber.
Gostei mesmo.
Como Igreja, parece que estamos em muitos lugares nos igualando ao descrito.
Precisamos repensar nossas posições.
Pastor Martinho F. Voss
Postar um comentário