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terça-feira, 12 de agosto de 2014

ARTIGO PARA REFLEXÃO

Por que os luteranos guardam o domingo em vez do sábado, como é determinado no Antigo Testamento?
      Quando se questiona entre guardar o sábado ou o domingo, devemos ter em mente a diferença que existe entre lei cerimonial e lei moral. Lei cerimonial é tudo aquilo que, no Antigo Testamento, implicava a prática e a forma do culto judaico na vida religiosa do povo. Exemplo disso são os sacrifícios de animais que deviam ser feitos para obtenção de perdão de pecados; as leis a respeito do comer ou deixar de comer determinados alimentos; leis a respeito de determinadas doenças e sua purificação; leis que envolviam a observância de dias e de fases da lua etc. ( Cf. o livro de Levítico ).  
      Lei moral compreende tudo aquilo que implica a maneira de viver dentro ou fora da religião judaica. Exemplo: Não matar, não adulterar, não mentir, não roubar, não dar falso testemunho etc. O decálogo, pois, é o resumo da lei moral. Ainda é importante observar que Deus jamais ameaçou de castigo um povo não-judeu que não guardasse a lei cerimonial, mas, qualquer povo, judeu ou não, está sob o juízo de Deus por não guardar a lei moral. É isso que leva à necessidade de qualquer povo crer em Cristo para obter a remissão. 
      A lei cerimonial foi dada só ao povo de Israel, para reger o culto judaico e apontar para o Messias, que deveria vir. A lei moral foi dada a todos os homens da terra em todos os tempos. Diante dessa exposição, precisamos ver se a lei do sábado era cerimonial ou moral. Podemos dizer que o sábado, em parte é lei cerimonial e, em parte, é lei moral. O aspecto cerimonial do sábado consistia em determinação de um dia certo da semana ( o sétimo ) para descanso, no qual não se podia trabalhar e em que era lembrada a obra da criação e o descanso do próprio Deus. O aspecto moral do sábado consistia na principal razão por que Deus determinou a observância desse dia: ouvir e guardar a palavra de Deus. No seu aspecto cerimonial, a observância do sábado só era exigida do povo de Israel e dos estrangeiros que estivessem vivendo em meio a esse povo ( Êxodo 20.10 ).
      No seu segundo aspecto, que era ouvir e guardar a palavra de Deus, o sábado é extensivo a todos os povos de todos os tempos. A atitude de Cristo em relação ao sábado é fundamental para uma melhor compreensão do assunto. Em primeiro lugar, Cristo jamais repetiu a lei do sábado-cerimonial, enquanto que citou várias vezes os dez mandamentos ( cf. Mateus 19.16-22; Marcos 10.17-22; Lucas 18.18-23 ). Quanto ao ouvir e guardar a palavra de Deus sempre, Jesus, como todo o Novo Testamento, são abundantes em citações e recomendações. Além disso, lembramos que Jesus se declara “o Senhor do Sábado” ( cf. Mateus 12.8 ). Isso ele faz num contexto em que ele mesmo permite a seus discípulos uma atitude contrária à lei cerimonial do sábado: colher espigas pelas searas. Que sentido teria este “ser Senhor do Sábado”, senão o de Jesus se declarar poderoso para abolir o aspecto cerimonial que envolvia o sábado? Vejam-se, ainda, as muitas curas que Jesus efetuou em sábados sob críticas dos chefes religiosos, as quais Jesus sempre rebateu ( João 9.16 ). O apóstolo Paulo ainda disse em Colossenses 2.16: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.”
      Assim chegamos à pergunta: Por que o domingo? Teria Cristo nos libertado de um jugo para nos submeter a outro? O domingo não foi instituído por nenhuma lei. Foram os primeiros cristãos que, na sua liberdade, escolheram o domingo, dia em que Cristo ressuscitou, para descansarem dos trabalhos e terem ocasião para servir e adorar a Deus em conjunto e guardar a palavra de Deus de um modo especial. Assim, além de propiciar oportunidade de ouvir e guardar a palavra de Deus e, dessa forma, cumprir aquele aspecto espiritual e universal, o domingo também lembra a liberdade que Cristo nos trouxe. Liberdade completa e total. Liberdade do poder do diabo, da morte e do pecado. Liberdade do jugo de lei cerimonial.
      Se alguém entende que, ainda hoje e fora da religião judaica, se deva guardar o sábado no seu aspecto cerimonial, então, por coerência, também deverá guardar as demais cerimônias que, no culto judaico, estavam compreendidas nessa lei: sacrifícios, comidas, bebidas, dias de festas, fases da lua etc. O dia do descanso é cumprido hoje através do amor a palavra de Deus. Nesse sentido, o louvor a Deus em qualquer dia, o trabalho na igreja, a oração em qualquer hora, enfim, todo o serviço e adoração prestados a Deus, no culto do domingo, ou em outro dia, ou ainda fora do culto, será tido como obediência ao mandamento do dia de descanso. Deus não nos julgará pela observância de um determinado dia da semana. Ele nos julgará pelo aceitar ou não a sua palavra, pelo crer ou não nas suas promessas.
      O sábado lembra o descanso de Deus após a obra da criação do mundo. O domingo lembra a não menos importante obra, que foi a ressurreição de Cristo, a vitória do filho de Deus e nossa vitória sobre a morte.

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