PRONUNCIAMENTO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS
HISTÓRICAS SOBRE AS ELEIÇÕES GERAIS DO BRASIL –
2014
As igrejas evangélicas históricas do
Brasil, em virtude da realização das eleições gerais em 5 de outubro (1º turno)
e em 26 de outubro (2º turno) e considerando o papel de seus membros no
exercício pleno da cidadania, bem como o comprometimento dessas igrejas com o
Estado democrático de direito e o seu reconhecimento e apoio às instituições
democráticas, expressas nos Poderes constituídos da República, vêm junto a seus
membros e à sociedade brasileira em geral fazer o seguinte
PRONUNCIAMENTO
1.Nenhum sistema ideológico de interpretação da realidade social,
inclusive em termos políticos, pode ser aceito como infalível ou final nem é
capaz de interpretar os conceitos bíblicos da história e do reino de Deus, no
entanto, cremos que Deus, Senhor da história, realiza a Sua vontade de várias
maneiras, inclusive por meio da ação política;
2.As eleições são parte do processo de busca permanente de equidade
social, de garantia dos direitos fundamentais à pessoa humana, de vivência ética
e comunitária, às quais estimulamos o protagonismo de homens e mulheres
cristãos, comprometidos com os valores do Evangelho de Cristo;
3.A democracia é um valor universal, bem como o governo representativo
dela decorrente e a sociedade democrática pressupõe pluralidade de ideias e a
livre expressão do pensamento político, alternância do poder, em forma
republicana de participação popular;
4.Os chamados mensalões, julgados e ainda não julgados pelo STF, expuseram, na esfera partidária, a dualidade
de forças políticas de matizes ideológicas distintas, que se digladiam
eleitoralmente, visando o acesso ao poder, mas revelam a fragilidade dos
partidos majoritários na elaboração de suas amplas alianças partidárias que, em
muitos casos, não são de natureza político-ideológica, mas se constituem em
verdadeiro fisiologismo;
5.O sistema de financiamento de campanhas admitido no Brasil é perverso,
indutor e retroalimentador da corrupção e termina por eleger, majoritariamente,
verdadeiros representantes do poder econômico e não dos interesses da maioria da
população.
6.O atual sistema político reflete partidos políticos que não têm
identidade e realizam alianças que não fidelizam ideais, mas denunciam
conveniências e interesses corporativistas. De igual modo, o modelo
presidencialista de coalizão compromete a ética e a democracia cujos
pressupostos são a fiscalização e a alternância no poder;
7.Candidatos/as frutos de estratégias de marketing e alianças
comprometedoras não são dignos de voto;
8.Ninguém deve receber voto simplesmente por expressar a fé evangélica,
antes, deve-se recordar que “a fé, se não tiver obras, por si só estará morta”
(Tg 2.1). Entretanto candidatos e partidos que defendem em seus programas
posições que se oponham a valores cristãos tais como justiça e paz; integridade
da vida e da criação; preservação da família; honestidade e respeito ao bem
público não podem merecer nosso voto.
9.O processo político não se esgota com as eleições e os valores da
cidadania, marcados por gestões públicas transparentes e probas, têm
correspondência na vida de integridade cotidiana de cada cidadão e cidadã
brasileira, na participação, nas reivindicações e na projeção de ações que visem
o bem comum.
10. Repudiamos o “voto de cabresto”; o chamado “curral eleitoral”, bem
como a troca do voto por favores sejam pessoais ou coletivos, exortando seus
integrantes a exercerem o direito do voto de maneira consciente e bem
fundamentado cientes da delegação de poder que o sufrágio nas urnas confere aos
eleitos.
Conclamamos o povo de Deus que se reúne
em nossas igrejas à participação na escolha das futuras lideranças: Presidente
da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais e, para
isso, também o convocamos à oração e à reflexão, que possam nos orientar para
que nossas escolhas se traduzam no bem comum de todos os brasileiros e
brasileiras.
0 comentários:
Postar um comentário