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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Padrinhos de Batismo

 Padrinhos não são testemunhas de uma cerimônia apenas. Muito mais do que isso, são pessoas que testemunharam uma obra divina.



     Por que procuramos por padrinhos? Você já se questionou por que pais escolhem pessoas para se colocarem diante do altar na condição de padrinhos da criança a ser batizada? E o que direciona os pais na escolha dos padrinhos?

Padrinhos de Batismo
     Mas antes disso é importante relembrar, em poucas palavras, qual a razão do Batismo. Palavras estas que transcrevo da Dogmática Cristã, de John T. Mueller: “De acordo com a Escritura, o Batismo não é mera cerimônia ou rito eclesiástico, porém um meio da graça verdadeiro... pelo qual Deus oferece e transmite às pessoas os méritos que Cristo adquiriu para a humanidade por sua satisfação vicária” (At 2.38).

     O Batismo é Sacramento. Um dos meios pelos quais Deus quer trazer pessoas para junto de si e levá-las para o Céu. A partir do Batismo, mesmo um recém-nascido, em sua ingenuidade e incapacidades, torna-se cristão, nova criatura, de real e verdadeira fé em Cristo Jesus.

    Lutero vê isto como o início de uma caminhada junto ao Salvador. Por isso, quanto ao Batismo, ele diz: “Quando os filhos de Israel desejavam voltar à penitência, relembravam, antes de tudo, o êxodo do Egito. E com essa lembrança voltavam a Deus que os havia libertado... Quanto mais devemos nós recordar nossa saída de nosso Egito”. E continua: “Por isso compreenderás que tudo o que fizermos nessa vida para servir à mortificação da carne e à vivificação do espírito diz respeito ao Batismo”.

     Sob esta ótica, toda a vida cristã é uma repercussão do Batismo. O que acontece é que assim como um ser humano, por sua natureza pecaminosa, não procura a Deus, tampouco deseja servi-lo, assim também uma criança não vai até a pia batismal por conta própria, senão levada pelos pais e padrinhos.

     É cumprimento da ordem de Jesus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).

    O problema é que, por vezes, este versículo é isolado. Com prontidão os pais vão à procura de padrinhos, agendam a data do Batismo, procuram uma roupinha para o bebê... mas fica por isso. Ao contrário do que disse Mueller, faz-se do Batismo uma “mera cerimônia ou rito eclesiástico”.

     Porém, o texto de Mateus não acaba ali. Jesus continua: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.20a). É certo que o Batismo cria a fé; mas na sequência vem o ensino. Agora a criança precisa aprender sobre esta fé. Precisa saber melhor a respeito do seu Salvador. Precisa aprender as virtudes cristãs e, com palavras e exemplos, toda sorte de boas obras. Ter sua fé alimentada para que possa crescer espiritualmente. Agora é a hora de conhecer o que Jesus ensinou.

     Estando a congregação de acordo com o Batismo, e sendo parte da família de Deus para dentro da qual o batizando é trazido, torna-se responsável pelo cuidado espiritual daquela criança. Toda a congregação, como família cristã, abraça o batizado no Reino da Graça, ao qual agora ambos pertencem.

     No entanto, a primeira responsabilidade é dos pais, que são representantes do próprio Deus na terra. São a primeira autoridade sobre os filhos, tendo, por isso, o dever de esmerarem-se pelo completo bem-estar deles, de modo a não permitir que lhes seja privada, de modo algum, a esfera espiritual. Porém, fazer-lhes conhecer “o caminho em que devem andar” (Pv 22.6).

    Também Martin C. Warth lembra que “a regeneração que teve início em nosso Batismo está ainda em desenvolvimento e será completada somente no Último Dia”. Mas, e quando os pais falham em sua nobre e abençoada (embora não tão fácil) tarefa de educar cristãmente seus filhos? Ou, ainda, se vierem a falecer? É aí que entram os padrinhos.

     Padrinhos não são testemunhas de uma cerimônia apenas. Muito mais do que isso, são pessoas que testemunharam uma obra divina. E sendo testemunhas disso, tornam-se também responsáveis pelo cuidado espiritual do afilhado. O que se espera de um padrinho é que ao menos ore pelo seu afilhado. Vindo os pais a faltarem com a educação para uma vida cristã, os padrinhos precisam manifestar-se. Não devem tentar dizer aos pais o que fazer, mas, se necessário, e se chegar a tal ponto, que procurem levar a criança à igreja mesmo com a ausência dos pais – a partir do consentimento deles.

     Por vezes, isso é impossibilitado por razões diversas. A distância, por exemplo, pode obstaculizar a boa intenção de padrinhos que zelam, mesmo de longe, pela alma do afilhado. Nestes casos, a oração torna-se ainda mais importante.

     Na escolha de padrinhos, é extremamente importante olhar para o que os candidatos são como cristãos. Ser um bom amigo ou de longa data não é o primeiro parâmetro a ser levado em consideração na escolha de um padrinho. Mas, sim, se são pessoas íntegras diante da vontade de Deus. Da mesma forma, quem recebe o convite para apadrinhar uma criança precisa examinar se terá condições de prestar o devido e esperado auxílio.

     Bons padrinhos não são os que dão presentes todos os anos no aniversário do afilhado. São aqueles pelos quais o afilhado se sente amado e aos quais sabe que pode recorrer em qualquer situação (assim como com seus pais). Bons padrinhos são aqueles que levam a sério a grandiosidade e a preciosidade do Batismo, lembrando todos os dias o milagre que tiveram o privilégio de testemunhar ante a fonte batismal. 

Fontes citadas:

Do Cativeiro Babilônico da Igreja. Martinho Lutero. 2006.

Dogmática Cristã. John Theodore Mueller. 2004.

Fé e batismo em Lutero. Martin Carlos Warth. 2004. 

Edenilson Gass

Pastor da IELB – Capanema, PR

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