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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

ARTIGO PARA REFLEXÃO

ENTÃO É NO GRITO?
                                                          
imagesA matéria de capa da revista Veja de 03/07/13 referia-se aos protestos ocorridos em todo o território nacional. O povo gritou. Gritou alto. Queria honestidade, transparência e eficiência dos políticos que elegera. E o grito foi tão forte que se fez ouvir. A derrubada da PEC 37 (aquela que queria acabar com o poder de investigação do Ministério Público), a corrupção considerada como “crime hediondo” e o dinheiro dos royalties do petróleo destinado à educação e à saúde, além do congelamento dos preços dos pedágios e da redução das tarifas de transporte – por que, para obter tudo isso, é preciso gritar?
Tudo bem que no futebol já era assim. Jogador malandro e treinador astuto já ganharam muita coisa no grito.
Mas, verdade verdadeira, por que também as pessoas de bem precisam gritar para que seus direitos garantidos por lei sejam cumpridos? Infelizmente, na lei dos homens, parece que cada vez mais é preciso gritar, para que aqueles que elegemos se disponham a escutar e agir.
O problema é que, na ânsia de sermos ouvidos, nos acostumamos a uma generalizada comunicação gritada. Gritar deveria ser tão somente a última atitude de quem não é ouvido. A primeira deveria ser sempre o bom e velho diálogo, a palavra adequada e pensada com bom senso – em casa, na escola, no emprego, na igreja.
Vale o mesmo com Deus.
Ele não é surdo. Seus ouvidos escutam até os gemidos do nosso coração e interpretam de forma perfeita o silêncio da alma. Aliás, oração tem a ver com reflexão e meditação, nunca com barulho ou gritaria.
Pior ainda é quando nossos gritos se tornam arrogantes e presunçosos, achando que Deus nos deve alguma coisa. “Senhor, eu te ordeno... eu determino... eu exijo...”, com todo o respeito, não é o tipo de oração que um servo faz a seu Senhor, nem um filho ao seu Pai. Aliás, o próprio Jesus orou bem diferente: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22.42). Atenção às palavras “se queres” e “não... a minha vontade, mas a tua”.
Sim, é verdade que os salmos falam algumas vezes em “gritos” para Deus. Mas é bom observar que, na grande maioria dos casos, os gritos são “gritos de socorro”, nunca de exigências ou ordens para Deus. São expressões de gente angustiada, no fundo do poço, em meio à sua dor. Tais gritos são, antes de qualquer coisa, expressões cheias de confiança em Deus, nunca expressões cheias de si. Aliás, este clamor desesperado também foi o dos cegos que suplicaram pela misericórdia de Jesus (Mateus 20.30-34).
Com Deus, o único grito que realmente conta é o grito da alma, a humildade e a convicção em forma de fé que se agarra no Deus que sabe o que melhor fazer. Por isso, entre no seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto; não fique repetindo sempre a mesma coisa (isso é para os incrédulos) e nem pense que por falar muito (ou gritar) Deus o ouvirá melhor – lembrou Jesus (Mateus 6.6-8). Por quê? “Porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem” (Mateus 6.8).
Confie e persevere, no íntimo, em Jesus.
Até porque com Ele as coisas não funcionam no grito.

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