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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

ARTIGO PARA REFLEXÃO

Preocupa-me muito o espírito do “não dá nada” que tem crescido em nossa sociedade.
Um “racha” entre dois jovens de 19 anos ocasionou a morte de uma mulher grávida que não tinha nada haver com a corrida de carros que os dois irresponsáveis travavam no município de Alvorada, RS.
O fato por si só já é uma tragédia. Mas desesperador foi ouvir o delegado dizer que depois de serem pegos e retidos, ambos os jovens “riam” da situação. Este é o ponto que quero me deter. Eles “riam” da situação num evidente espírito de “não dá nada”.
Se as gerações anteriores sofreram ajoelhando sobre o milho e estendendo a mão a palmatória, penso que estamos começando a sofrer como sociedade, devido à ausência de disciplina. Obviamente nenhum extremo é positivo. Mas a falta de disciplina talvez seja mais catastrófica que o excesso.
O espírito do “não dá nada” tem sido alimentado pelo sistema educacional que privilegia os irresponsáveis, que
alimenta os indisciplinados e que favorece os preguiçosos. Não estou aqui clamando pela volta dos milhos atrás da porta. Não defendo o uso da palmatória. Porém, confesso que tenho mais medo desta política de indisciplina, desta educação do tanto faz chegar na hora ou não, destas avaliações onde pouco ou nada precisa estudar, porque sempre terá uma nova chance, este jeito de educar onde para reprovar necessita-se de muito esforço.
Percebo que a filosofia de educação é bem intencionada e tem um olhar diferenciado e misericordioso para com os que têm dificuldade de aprendizado. Louvo esse olhar. Porém eles não podem virar regra para todos, porque senão nivelaremos todos por baixo e jamais teremos um serviço técnico de qualidade que permitam o avanço da nação. Cada vez mais teremos profissionais medíocres. A consequência já está aí: obras inacabadas, prazos que nunca são cumpridos e serviços públicos bem amadores.
No sentido espiritual, confundimos a graça e a misericórdia de Jesus com esse espírito do “não dá nada”. Algo do tipo: posso pecar à vontade porque Jesus perdoa. Dietrich Bonhoeffer teceu a expressão “graça barata” para aqueles pecam deliberadamente. Certamente não há perdão para esses. Não porque Jesus não os possa perdoar, mas sim porque eles amam e servem ao pecado. Quanto aos verdadeiramente arrependidos, aqueles de coração quebrantado, a estes Deus se aproxima e perdoa. (Sl 34.18).
Igualmente devemos lembrar que a graça e o perdão de Jesus custaram caro. Àqueles que acham que “não dá nada”, devem lembrar que o precioso sangue de Jesus foi derramado por nós, pois assim estava estabelecido para que todos pudessem saber que o pecado custa caro e que o próprio Deus não aprova este espírito que zomba e se ri diante das tragédias.
Pastor Ismar L. Pinz

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