Comunhão de adolescente com autismo causa polêmica em Bom Princípio-RS
Moradores se revoltaram com a decisão do padre local, que retirou o menino da fila para a primeira comunhão
Sete anos atrás, Silvani havia buscado informação com o
então pároco da cidade, que afirmou que o filho poderia participar da primeira
comunhão
Uma polêmica está colocando em lados
opostos a fé e a inclusão de um menino com deficiência em Bom Princípio, no Vale
do Caí. A decisão do padre local de não dar a primeira eucaristia para um
adolescente com autismo, no último domingo, revoltou os moradores, e tem causado
controvérsia.
Cássio Maldaner, 13 anos, estava na fila para entrar na
igreja e receber a primeira comunhão com outras 34 crianças. Nos bancos de
madeira da Paróquia Nossa Senhora da Purificação, 90 convidados da família
esperavam pelo momento sonhado pela mãe, a dona de casa Maria Silvani Maldaner,
41 anos. Minutos antes da cerimonia começar, o padre Pedro José Ritter pediu que
Cássio fosse retirado da fila. Ele não participaria da celebração.
Sete
anos atrás, Silvani havia buscado informação com o então pároco da cidade, que
afirmou que o filho poderia participar da primeira comunhão. Depois esperar o
melhor momento, há dois meses ela havia procurado o padre Ritter e explicado a
situação. De acordo com religioso, a igreja estipula que, em casos como o de
Cássio, não há necessidade de que o fiel passe pelo rito da
eucaristia.
— Como a mãe queria muito, e nós não temos catequistas
preparadas, pedi a ela que ensinasse ao menino o sentido da eucaristia. Se ele
entendesse, ainda que do jeito dele, o que estava acontecendo, e se aceitasse a
hóstia, ele poderia participar — afirma.
Mãe e filho treinaram durante um
mês e voltaram à igreja para um ensaio. Na ocasião, Cássio se negou a receber a
hóstia. Silvani continuou ensinando o menino, para que ele pudesse participar da
celebração.
— Ficamos de fazer um novo teste, que não aconteceu. Na
última sexta-feira ocorreu o ensaio, e eu esperava falar com o padre, mas ele
não participou. Como não houve mais nenhuma manifestação, achei que estava tudo
certo — conta a mãe.
O religioso, no entanto, afirma que em nenhum
momento Cássio aceitou a hóstia. Sem que isso acontecesse, Ritter diz que a
orientação à mãe é que se esperasse outro momento para que o adolescente
participasse da eucaristia.
— Não houve nenhum tipo de preconceito. A
minha decisão apenas foi por esperar por um outro momento, em que ele aceitasse
e entendesse o que estava acontecendo — afirma o
padre.
Comunidade se mobiliza
A imagem dos pais
do adolescente chorando durante a missa comoveu a comunidade. A festa programada
foi realizada, mas em clima de tristeza. Moradores de Bom Princípio estão se
mobilizando nas redes sociais, contrários a atitude do padre.
Para a
família, houve preconceito por parte do religioso. O pai, o agricultor Letus
Maldaner, 56 anos, afirma que espera que o filho participe da eucaristia, mas
com outro padre.
— Depois que ele tirou o Cássio da fila eu ainda pedi
que ele ao menos desse uma bênção lá na frente, mas ele se negou. Essa é
primeira vez que o meu filho foi discriminado, e isso aconteceu justamente na
igreja — afirma Maldaner.
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(Acréscimo feito por Pastor Martinho F.Voss)
Refletindo - Como tratamos as pessoas que tem necessidades especiais, em nossa Congregação?
Lembremos sempre: O AMOR de Deus é igual para todos, porque "Deus amou o mundo (todas as pessoas) de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito (Jesus Cristo) para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3.16
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