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domingo, 13 de agosto de 2017

DIA DOS PAIS

DOMINGO É O DIA DOS PAIS. DOS PAIS MAUS, COMO FOI O MEU!

         Peço a compreensão do estimado leitor para falar um pouco sobre o meu pai.
      Eu poderia falar sobre todas as suas virtudes, como sua sabedoria, amizade, carinho e amor (mas este é um artigo, não um livro). Porém, hoje, depois de ver o que alguns modernos conceitos de educação de filhos têm feito com as nossas crianças e jovens e como têm muitos pais deixaram de ser pais, decidi falar especificamente e, ironicamente, sobre as maldades cometidas pelo meu pai.
       Sim, meu pai era mau. Muito mau. Tão mau que muitas vezes me respondia “não” quando eu esperava ouvir “sim”. E vice-versa. E o pior: no fim ainda dava tudo certo.
       A maldade do meu pai fazia com que eu estudasse muito e valorizasse meus professores. Desde cedo, aprendi que os fins não justificam os meios – “Se quer tirar uma boa nota, estude, estude e estude, e jamais cole”. Por que eu não podia colar, se outros colavam e se davam bem? E ele dizia: “É uma questão de honestidade com o professor, consigo mesmo e, especialmente, com Deus”.
      Meu pai era mau. Certa vez, participei de uma bagunça dentro de um ônibus repleto de jovens. (Sabe aquela “brincadeira” de passar creme dental em quem está dormindo?) O problema é que a inofensiva brincadeira acabou por sujar e manchar os tecidos e capas dos bancos do ônibus. Uma semana depois, eu e mais alguns fomos até o proprietário pedir desculpas e levar-lhe um valor simbólico em reparação aos danos causados. Sim, meu pai era tão mau a ponto de me fazer entender que devo ser responsável pelos meus atos e assumir as consequências deles, que não posso ser covarde e esconder minhas falcatruas debaixo do tapete.
       Em certo domingo de manhã, tive mais uma prova do quanto meu pai era mau. Era frio e eu queria ficar na cama. Mas ele me convenceu de que havia tempo para tudo e que Deus tinha reservado para mim naquela manhã muito mais do que cobertores e travesseiro. Jesus me esperava ansiosamente para falar ao meu coração no culto, na igreja. Meus irmãos na fé haveriam de estar ali – e eu, dormindo? Meu pai foi muito mau: ele nunca me mandou ir à igreja, mas pegava na minha mão e ia comigo. E me ensinou na marra que há algo mais para minha vida do que minhas vontades egoístas e mesquinhas – há um propósito de Deus para nós, e Sua vontade deve estar acima de tudo. No alto da sua maldade, meu pai me educou para ser espiritualmente responsável, a viver minha fé em Jesus de forma coletiva e a nunca me apoiar em desculpas esfarrapadas para sonegar a vontade de Deus.
       Como percebem, meu pai era mau. Ele nunca permitiu que experimentássemos de tudo, que curtíssemos o que nos desse na telha e que saíssemos sem dar satisfação de onde iríamos, com quem iríamos e a que horas retornaríamos. Ele insistia em saber quem eram os nossos amigos e, por vezes, era tão mau a ponto de nos alertar coisas sobre eles. Assim, por termos um pai muito mau, eu e meus irmãos jamais estivemos envolvidos com drogas, nunca violamos propriedades e nossa ficha policial [ainda] não foi inaugurada.
       Completando sua maldade, meu pai não nos permitia contar uma única mentirinha. Exigia a verdade, apenas a verdade e nada mais que a verdade. E se andássemos fora da linha, como algumas vezes teimávamos em andar, ele era tão mau a ponto de nos repreender e corrigir, com relativa dureza. Ah, e ele era ainda tão mau que preferia nos dar brinquedos simples, e que para brincar com eles precisávamos de amiguinhos. Por causa disso, perdi as contas de quantas vezes ganhei uma bola de futebol no Natal – e também perdi as contas de quantos amigos tinha e tenho.
       Eu teria ainda muito mais coisas para dizer sobre as maldades do meu pai.
       Mas quero terminar agradecendo a Deus pela enorme bênção de ter tido um pai tão mau. E suplicando a Jesus que Ele, por sua graça, me permita ser assim tão mau também com o meu filho. Sem esquecer, é claro, de agradecer a ele, o meu velho pai: “Obrigado, pai. Suas maldades salvaram a minha vida”.
      Por fim, conclamo a todos os pais que sejam pais assim, maus. O mundo está precisando de pais maus. Feliz Dia dos Pais! (Júlio Jandt)

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