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sexta-feira, 27 de março de 2020

ORIENTAÇÕES DA IELB

INFORMAÇÕES PARA CRISTÃOS LUTERANOS- IELB

Porto Alegre, RS, 27 de março de 2020
Orientação da presidência da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)sobre culto e oferta cristã na quarentena.
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus!
A humanidade está vivendo um período de muita tensão, angústia e medo por causa da proliferação do novo coronavírus, a COVID 19. Por causa do risco de contágio e da vulnerabilidade de alguns grupos da sociedade, chamados grupos de risco (pessoas com mais de 60 anos e pessoas com doenças crônicas), os governantes têm decretado o isolamento social, isto é, estão determinando que as pessoas permaneçam em suas casas e não se reúnam em grupos a fins de trabalho, lazer, culto e outros.
As igrejas, inclusive a IELB, antes mesmo dos decretos estaduais e municipais, por amor às pessoas, para ajudar a humanidade na luta contra a proliferação do vírus, já recomendaram aos seus membros que evitassem frequentar ambientes com grandes concentrações de pessoas, inclusive os templos cristãos.
Com isto, em alguns lugares e por algum tempo, tornou-se inviável que nós, povo de Deus, nos reunamos em nossos templos, como o fizemos ao longo dos anos, para sermos edificados e fortalecidos na fé pelo nosso bondoso Deus e também para cultuá-lo por suas infindáveis misericórdias.
Para apascentar o rebanho de Cristo neste período em que as reuniões nos templos estão com restrições, a IELB, através da sua direção e de seus pastores, está empreendendo grande esforço para levar o doce Evangelho a todos de forma online oferecendo cultos, estudos bíblicos, devoções, instrução de confirmandos e adultos, visitas e outros serviços.
Mas a pergunta que tem surgido com frequência é esta: Como os filhos de Deus poderão ofertar neste período, visto que não estão podendo reunir-se nos templos? E esta é uma justa preocupação, pois o ato de ofertar faz parte do culto do povo de Deus. Vemos isto, por exemplo quando o apóstolo Paulo orienta os cristãos de Corinto sobre a oferta cristã e escreve: “Agora vou tratar do dinheiro para ajudar o povo de Deus da Judéia. Façam o que eu disse às igrejas da província da Galácia. Todos os domingos cada um de vocês separe e guarde algum dinheiro, de acordo com o que cada um ganhou. Assim não haverá necessidade de recolher ofertas quando eu chegar. Depois que chegar, eu enviarei, com cartas de apresentação, aqueles que vocês escolherem para levarem a oferta até Jerusalém” (1Co 16.1-3). O domingo, o primeiro dia da semana, o dia da ressurreição de nosso Salvador Jesus, também chamado de Dia do Senhor, já era o dia dedicado ao culto e, quando eles se reuniam em culto, quase sempre em casas de família, eram aconselhados a ofertar. A oferta, portanto, fazia parte do seu culto.
Também no Antigo Testamento, em Deuteronômio 16.16 e 17, através do seu servo Moisés, Deus orienta o seu povo sobre o culto, dizendo: “São estas as três ocasiões em que todo homem israelita deverá apresentar-se na presença de Deus, no lugar que ele tiver escolhido para nele ser adorado: a Festa da Páscoa, a Festa da Colheita e a Festa das Barracas.
Que ninguém vá sem levar alguma coisa para oferecer a Deus; porém cada um deve fazer a sua oferta de acordo com as bênçãos que o SENHOR, nosso Deus, lhe tiver dado”.
Reafirmamos que é justa a preocupação dos filhos de Deus que neste momento se perguntam: como poderemos ofertar ao Senhor se a nossa congregação não está realizando cultos no templo? Ou, mesmo que ela esteja realizando cultos, mas eu não me sinto seguro em participar por causa do risco de contágio, como posso cultuar o meu Deus com as minhas ofertas?
É importante lembrar que os filhos de Deus no tempo de Moisés e de Paulo não dispunham de um templo para cultuar a Deus, mesmo assim exerciam o privilégio de cultuálo através das suas ofertas. E neste tempo em que a humanidade luta contra o coronavírus, nós também podemos fazer nossas ofertas. Algumas sugestões:
1) Aproveite este período para olhar mais para as pessoas ao seu redor, para as suas necessidades, e procure ajudá-las da melhor forma possível.
2) A sua congregação possivelmente tem uma conta bancária. Faça contato com o tesoureiro, ou com o seu pastor, e faça uma transferência bancária ou depósito, no valor da sua oferta, para a sua congregação. Se o prazo de dificuldades se estender por algum tempo, faça outras transferências ou depósitos com regularidade.
3) Caso você não disponha de uma conta bancária, peça para algum parente ou amigo fazer a transferência ou o depósito e entregue a ele o valor correspondente à sua oferta.
4) Cada congregação, através do seu pastor e da sua liderança, pode organizar um plantão de atendimento às pessoas nos templos ou em outro local apropriado para dialogar com elas e, caso queiram ofertar, receber, documentar e encaminhar suas ofertas para a tesouraria da congregação.
Enfim, cada congregação, em seu contexto, dentro da sua realidade, pode se organizar para viabilizar o atendimento pastoral e as ofertas do povo de Deus, como algumas já estão fazendo.
Lembramos que a sua congregação e paróquia também tem necessidades e responsabilidades. Os compromissos assumidos com o seu pastor, com os seus projetos, o pagamento de contas corriqueiras como luz e água precisam ser honrados.
É importante lembrar também que a congregação precisa honrar seu compromisso regimental com o sínodo, com a IELB, pois esta tem a sua responsabilidade na manutenção dos seus projetos missionários (mais de 90 congregações ou projetos subsidiados pela IELB recebem auxílio financeiro mensal que é oriundo das contribuições das congregações). A formação de novos pastores, no Seminário Concórdia, e a administração da igreja também precisam ser mantidas para o bem da igreja no presente e no futuro.
O decreto publicado pela Presidência da República (Decreto nº 10.292, de 25 de março de 2020), estabelece que as atividades religiosas, de qualquer natureza, são essenciais para a nossa sociedade. Isto significa que a igreja pode realizar atividades religiosas, desde que sejam “obedecidas as determinações do Ministério da Saúde” e observadas as recomendações das autoridades locais. Portanto, pastores e lideranças das congregações continuem dialogando para encontrar a melhor maneira de realizar o trabalho em sua congregação e paróquia, observando o contexto local. O atendimento pastoral e congregacional pode ser realizado, inclusive presencial, com as devidas precauções divulgadas pelos órgãos da saúde.
É bom lembrar, todavia, que o decreto acima citado permite a realização de atividades religiosas, mas os riscos de proliferação do vírus continuam existindo, e muitas pessoas, por medo da contaminação, possivelmente não irão aos templos enquanto os riscos persistirem.
E a igreja precisa agir com muito amor, compreensão e cuidado com todas as pessoas. De acordo com a praxe da IELB, as congregações são autônomas para tomar suas decisões, desde que observem as recomendações e orientações das autoridades civis constituídas, e, assim, as congregações deverão decidir o melhor momento para reiniciar os cultos em seus templos.
Quando isto ocorrer, recomendamos:
1) Que as congregações, principalmente em regiões onde há maior risco de contágio, analisem a possibilidade de realizar cultos em diferentes horários (quantos forem necessários) para que as pessoas possam participar em grupos menores. Que seja criada uma equipe de comunicação e recepção para que a participação em grupos menores seja organizada e viabilizada.
2) Que sejam realizados cultos específicos para pessoas dos grupos de risco, especialmente para pessoas acima de 60 anos.
3) Que os bancos ou cadeiras nos templos sejam dispostos de tal maneira que as pessoas possam sentar-se numa distância segura umas das outras, conforme recomendação das autoridades de saúde.
4) Que ao entrar no templo, as pessoas tenham a possibilidade de higienizar suas mãos com produtos apropriados.
5) Que durante o culto sejam tomados todos os cuidados necessários para evitar o contato das pessoas e um possível contágio: usar o cálice individual na Santa Ceia, solicitar que as pessoas não deem as mãos ou se abracem, manter distância umas das outras na fila da Santa Ceia e na saída do templo, o pastor despede-se das pessoas do altar, sem aquele tradicional aperto de mãos e abraço na saída do templo, enquanto o risco persistir. Nos banheiros da congregação não deve haver toalhas de pano, de uso comum das pessoas, mas toalhas de papel descartáveis.
6) Que seja disponibilizado transporte seguro para as pessoas pertencentes aos grupos de risco, especialmente aos idosos, caso não tenham seu próprio carro, pois o transporte coletivo pode impedi-los de vir ao culto.
7) Que pessoas enfermas sejam recomendadas a permanecerem em casa e sejam visitadas e atendidas de forma individualizada pelo pastor. Pede-se ao pastor que tome as devidas precauções para si e para o paciente.
8) Que a congregação tome todos os cuidados e dê os encaminhamentos possíveis para que não haja nenhuma forma de preconceito ou discriminação em relação a todas as pessoas, inclusive para com aquelas que já contraíram o coronavírus ou são suspeitas de estarem contaminadas.
9) Que a congregação esteja em constante diálogo com as autoridades locais para verificar se há a necessidade de implementar outras medidas de segurança para garantir o bem-estar de todos os seus membros e visitantes.
10) Pela excelente experiência com as atividades online em levar Cristo para Todos, incentivamos que elas sejam mantidas quando cessar a ameaça do coronavírus.
11) Que este período também seja de grande proveito para nos ensinar a olhar mais para o semelhante, para as suas necessidades, procurando ajudar da melhor forma possível. Certamente há muitas pessoas que, por causa do impacto do novo coronavírus, estão perdendo sua fonte de renda e precisarão da caridade cristã para superar a crise.
E para sepultamentos, como agir? É preciso ouvir e praticar as orientações das autoridades locais, pois pode haver diferenças na legislação local. Aplicar os critérios de culto aqui expressos e, dentro do possível, em comum acordo com a família, realizar apenas um ato, ao ar livre, junto à sepultura. Se o motivo de óbito for o coronavírus, vale o mesmo, obedecendo a ordem de não abrir a urna.
Tomando os devidos cuidados para evitar a proliferação do novo coronavírus, os filhos e filhas de Deus, que são sal e luz do mundo, estão cheios de amor, ânimo, motivação, determinação e esperança para fazer deste período um marco na história da humanidade e na história do cristianismo. Por isso, recomendamos que, com os olhos fixos em Cristo,lembrando e celebrando a sua morte e ressurreição em nosso favor e de toda a humanidade, na certeza de que Nele e com Ele vivemos e viveremos eternamente, sejamos firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o nosso trabalho não é e nunca será vão (1Co 15.58).
Firmados em Cristo, vivemos e compartilhamos o amor cristão.
Rev. Geraldo Walmir Schüler
Presidente da IELB

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