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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

 



       Lamento o fim das linhas de Oscar Niemeyer, uma mente brilhante da arquitetura brasileira. E nos últimos rabiscos de sua história, achei uma injustiça o que fizeram em seu velório, não lhe dando condições de defesa. O transformaram numa pessoa que nunca foi, mandando para um lugar e junto daquele que nunca acreditou existir. A cerimônia ecumênica, com poesia descrevendo o encontro dele com Deus, falando de vida eterna e salvação como mérito de suas magistrais igrejas, foram uma afronta aos princípios de Niemeyer, e à Palavra de Deus! Foram 3 cristãos e um rabino que fizeram a cerimônia. Um deles, pastor luterano, fez uma poesia em homenagem ao arquiteto, declarando falácias em relação a doutrina confessional Cristã Luterana. Suas palavras foram infelizes ao propor que qualquer um pode ser salvo, mesmo sem fé. Digo qualquer um, pois diante da morte, todos são nivelados: não existe arquiteto, engenheiro, pedreiro ou servente. Esta é a base diferencial do cristianismo, resumida nas palavras de Jesus que são: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11.25). Não é para qualquer um, mas é para qualquer um que crê, que tem fé em Cristo!

       Confesso que nestas horas é difícil encontrar palavras que consolem e tragam alento, quando as convicções em vida, quando era o tempo da salvação, foram ignoradas e ridicularizadas. Há um tempo ouvi a seguinte frase: “viver ateu é fácil; difícil e morrer ateu!”. Muito mais que difícil é trágico, para quem vai e para quem fica! Muito mais que trágico, é ter tempo e condições de em vida conhecer, aprender e viver a fé, mas por qualquer motivo se fechar e assumir as consequências. Porém, cada um tem sua opção, ninguém é coagido a nada. Agora, uma verdade permanece, nas palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14.6), um dia esta confissão será decisiva na vida (ou fim dela) de cada um.
        Embora obras e exemplos convencem (a nós), a fé é tudo que Deus exige para a verdadeira esperança diante da morte (Efésios 2.8,9). Os sonhos e desejos desta mente brilhante chamada Niemeyer nos deixam admirados, como Deus foi generoso dando-lhe tamanha capacidade, mesmo diante de seu ceticismo.
       A verdade é que: as maiores obras divinas estão diante de nós, diariamente, apontando para seu amor e misericórdia, que nos garantem salvação naquela obra perfeita, que Deus edificou no natal - de forma trágica e miserável aos olhos humanos - mas suficientemente necessária para a salvação (2ª Coríntios 8,9). Em mais um ano, em mais um Natal, temos oportunidade de contemplarmos a salvação, melhor edificada do que obras de qualquer arquiteto. Sem esta obra, não há céu! E como afirmou o falecido, a vida é só um sopro e ponto.
Márlon Hüther Antunes
Teólogo e Pastor da Igreja Luterana em Maceió, AL

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