Advento
 
    O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás (Deuteronômio 18.15).
    O povo de Israel, povo de Deus, portador da promessa do Salvador, chegara à terra prometida. Sob a liderança de Moisés, foram libertados da escravidão egípcia, peregrinaram 40 anos pelo deserto e tinham agora conquistado parte da terra prometida. Preparavam-se para passar o rio Jordão. Para Moisés, porém, a peregrinação chegara ao fim. Ele foi um varão mui manso. Seus dias foram cheios de enfado e lutas. Devido a sua desobediência, num momento de irritação por causa da incredulidade do seu povo (Nm 20.12), Moisés não deveria passar o Jordão. Chegara a hora da despedida. Deus lhe disse que deveria subir ao monte Nebo, lá ele morreria. O monte Nebo distava 15 km ao oriente do ponto onde o rio Jordão desemboca no mar Morto. O monte tem uma altura de 806 metros. Do seu topo, pode-se avistar grande parte da terra prometida: o mar morto, a terra de Judá, o monte Carmelo, sim até o monte Hermon.
    Antes de subir ao monte Nebo, chamado também de Pisga, Moisés repetiu ao povo a lei de Deus e os advertiu para que permanecessem fiéis. Neste discurso proferiu estas palavras messiânicas: O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás (v.15).
    Um profeta semelhante a mim. Isto se referiu a Jesus. Por isso Felipe, ao anunciar a Natanael sobre Jesus, disse: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José (João 1.45). Moisés tem todo o cuidado para dizer: Semelhante a mim, não igual a mim. Jesus era muito superior a Moisés, em muitas coisas, porém, semelhante. Vejamos: a) Moisés era filho da nação judaica, Jesus também. b) Moisés, por amor ao seu povo, abandonou a corte real; Jesus, por amor à humanidade, saiu do lar celestial. c) Moisés teve grande compaixão de seu povo; Jesus, como nosso sumo-sacerdote se compadeceu da humanidade e orou por ela. Ele é o nosso advogado diante do Pai (1 João 2.1). d) Moisés queria morrer por seu povo, porém isto de nada adiantaria, pois ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Salmos 49.7); Jesus deu sua vida e por ser verdadeiro Filho de Deus, salvou a humanidade. Agora Jesus nos diz: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mateus 11.28).
     Jesus foi semelhante a Moisés, mas em tudo superior a ele. Jesus foi ministro da nova aliança, não da letra, mas do espírito (2 Coríntios 3.6). O apóstolo Paulo escreveu: Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça. Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória (2 Coríntios 3.9-10).
     Moisés subiu ao monte Nebo. Grande alegria inundou sua alma. Em breve estaria com o seu Salvador, de cuja vinda falou ao povo. Apesar de Deus ainda lhe mostrar a terra prometida, o que sem dúvida o alegrou, mas seus pensamentos já não estavam mais nas coisas dessa terra. Poderia cantar com o poeta sacro: Cidade altiva és tu, Jerusalém. / Ó Deus, vivesse eu lá! / De ti saudades a minha alma tem, / enquanto aqui está. / Nem campo, vale, serra a podem refrear; / fugindo desta terra, / procuro o eterno lar. (HL 540.1)
     Assim ainda hoje canta todo aquele que segue o conselho de Moisés e ouve a voz de Jesus. A este valem as palavras: Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28) Estes dizem com o apóstolo Paulo: Tenho o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Filipenses 1.23).