SEM
JESUS – a IGREJA é uma ONG piedosa.
Esse título faz uma paráfrase do
primeiro dia de pontificado do novo papa, Francisco. Com certeza, é uma frase que
a princípio já chama os protestantes Luteranos a uma conversa. Conversa sobre o
período da Reforma.
A Reforma aconteceu numa época em que a
sociedade europeia passava por rápidas transformações. A mais importante foi à
expansão das cidades. Pelos padrões modernos, as cidades eram pequenas, em torno
de 30 a 50 mil pessoas. As poucas pessoas instruídas que viviam nas cidades
faziam delas centros da politica e do mundo das ideias. E nesse meio, a nova
teologia de Lutero se difundiu através de panfletos impressos nas cidades
alemãs. Seus tratados eram lidos por pessoas, que em casa também as liam para
seus familiares. A invenção da imprensa com tipos móveis possibilitou a difusão
dessa nova teologia rapidamente para um grande público.
A reforma protestante não nasceu num
vazio. Ela surgiu em meio às profundas mudanças ocorridas desde o século XI e
acabaram refletindo na teologia. E no período, denominado de idade média, a
ênfase teológica já estava completamente mudada e o culto recaiu sobre a
crucificação mais do que na alegria da ressurreição.
A teologia, assim como vem acontecendo
nos dias atuais, era muito valorizada como disciplina acadêmica. Na época da
Reforma era lecionada por estudiosos respeitáveis na maioria das universidades.
No entanto, a escolástica surgida no século XI, que empregava o método
filosófico da dialética, (fazendo combinação da autoridade e razão, fé e
erudição) estava sendo questionada quando Lutero chegou a Wittenberg. A
escolástica teve vida curta, mas não foi menos importante por isso. Chegou ao
fim no século XIII com o ocamismo, que dizia que a teologia não era ciência. E
diante das muitas faces que a teologia estava aderindo, se tornou forte o rosto
do ensino de que o homem é recompensado por dons de graça e que só era real
aquilo que era particular ao homem.
Entre o período antigo e o medieval
houve transição de poder. O pontífice era Gregório, o Grande. E esse iniciou o
ensino de que o mérito precedia a graça. O objetivo da graça era produzir o
amor. Iniciou-se todo o sistema de penitência, por meio de: jejuns, orações e
esmolas. Assim, todos podiam mitigar a punição eterna. Com Gregório, os
fundamentos da teologia medieval foram lançados. Estava nascendo o cristianismo
ocidental.
Assim como entre a igreja antiga e a
medieval, podemos dizer que agora da moderna para a pós-moderna estamos
reiniciando com aquilo que no contexto da Reforma foi denominado de “teologia da humildade.” Claro que foi
devido a essa teologia da humildade que o jovem Lutero aprendeu a teologia de
Agostinho, que eclodiu na Reforma Protestante.
O cenário no qual temos a Reforma, a
igreja em si estava permeada pela piedade popular. E a teologia da piedade só
estava permeada e estragando a igreja por que havia sido difundida através do
sacramento da penitência, ensinado em sermões e literatura devocional. O povo
havia sido ensinado a confessar os pecados que lembravam, e depois fazer
expiação de acordo com a tarefa religiosa imposta pelo sacerdote.
Se Jesus deixou de ser o centro a Igreja não
se tornará uma Ong piedosa, ela já é uma ONG piedosa. E foi
justamente contra isso que Lutero lutou no período da Reforma. Ele resgatou o
verdadeiro ensino do evangelho e buscou fazer com que a Igreja deixasse de ser
uma ONG lucrativa e voltar a ser a Igreja de Cristo. Mas quem é
capaz de mexer numa fonte de lucro e não ser silenciado? Quem tentou
a história respondeu que tentaram silenciar.
Tirou-se Cristo do centro! De Igreja só
restou o nome, pois sua função se tornou apenas a de uma associação. E por ser
uma associação, podemos dizer que a mesma está em crise. Afinal, a Igreja Cristã
não está em crise. Em crise estão as instituições, as associações, etc. E se há
crise na associação chamada igreja, só há uma maneira de superar essa crise,
voltar a Cristo, “o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que
se deve prestar em tempos oportunos” (1Tm 2.6). Precisamos
desassociar de nós mesmos e nos associar àquilo que verdadeiramente é o nosso
fundamento, JESUS.
Deus nos abençoe a continuarmos Igreja
Cristã, falando, testemunhando e vivendo Jesus Cristo como nosso salvador, pois
o mesmo disse no alto da cruz: “Tudo Está completado!” (João 19.30). E se tudo
está completo. Não há necessidade de piedade popular, seja: jejum, esmolas,
peregrinar, etc. Afinal, em Cristo tudo está completo! Eu não completo aquilo
que já está completo.
Lembrar de Jesus, de todo o seu
sofrimento, é lembrar da seriedade do nosso pecado. Fato esse que as penitências
não o fazem. Olhar para Cristo é receber a certeza do perdão, fato esse que as
indulgências não davam as pessoas que as possuíam.
Sem Jesus – a Igreja é apenas uma
ONG.
Com a renuncia do agora Bispo emérito
“Joseph Aloisius Ratzinger,” recordo o
que eu disse numa sala de aula com 23 alunos num curso de História. “Ouçam
bem, após quase 500 anos de Reforma protestante, o mundo novamente ouvirá
Lutero.”
E com a frase de impacto dita pelo papa
Francisco no dia 14 de março de 2013, “Sem Jesus, a igreja se tornará uma simples
ong” Lutero fala o que sempre disse. Sem Jesus não há Igreja. Jesus é o
fundamento da Igreja e da nossa fé.
Abraços
Em Jesus – o Senhor e Salvador
Ressuscitado. E assim como ele ressuscitou, nós também
ressuscitaremos.
Edson Ronaldo Tressmann