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terça-feira, 19 de março de 2013

REFLEXÃO

Sem Jesus - a Igreja é uma ONG piedosa



SEM JESUS – a IGREJA é uma ONG piedosa.
      Esse título faz uma paráfrase do primeiro dia de pontificado do novo papa, Francisco. Com certeza, é uma frase que a princípio já chama os protestantes Luteranos a uma conversa. Conversa sobre o período da Reforma.
      A Reforma aconteceu numa época em que a sociedade europeia passava por rápidas transformações. A mais importante foi à expansão das cidades. Pelos padrões modernos, as cidades eram pequenas, em torno de 30 a 50 mil pessoas. As poucas pessoas instruídas que viviam nas cidades faziam delas centros da politica e do mundo das ideias. E nesse meio, a nova teologia de Lutero se difundiu através de panfletos impressos nas cidades alemãs. Seus tratados eram lidos por pessoas, que em casa também as liam para seus familiares. A invenção da imprensa com tipos móveis possibilitou a difusão dessa nova teologia rapidamente para um grande público.
      A reforma protestante não nasceu num vazio. Ela surgiu em meio às profundas mudanças ocorridas desde o século XI e acabaram refletindo na teologia. E no período, denominado de idade média, a ênfase teológica já estava completamente mudada e o culto recaiu sobre a crucificação mais do que na alegria da ressurreição.
      A teologia, assim como vem acontecendo nos dias atuais, era muito valorizada como disciplina acadêmica. Na época da Reforma era lecionada por estudiosos respeitáveis na maioria das universidades. No entanto, a escolástica surgida no século XI, que empregava o método filosófico da dialética, (fazendo combinação da autoridade e razão, fé e erudição) estava sendo questionada quando Lutero chegou a Wittenberg. A escolástica teve vida curta, mas não foi menos importante por isso. Chegou ao fim no século XIII com o ocamismo, que dizia que a teologia não era ciência. E diante das muitas faces que a teologia estava aderindo, se tornou forte o rosto do ensino de que o homem é recompensado por dons de graça e que só era real aquilo que era particular ao homem.
      Entre o período antigo e o medieval houve transição de poder. O pontífice era Gregório, o Grande. E esse iniciou o ensino de que o mérito precedia a graça. O objetivo da graça era produzir o amor. Iniciou-se todo o sistema de penitência, por meio de: jejuns, orações e esmolas. Assim, todos podiam mitigar a punição eterna. Com Gregório, os fundamentos da teologia medieval foram lançados. Estava nascendo o cristianismo ocidental.
      Assim como entre a igreja antiga e a medieval, podemos dizer que agora da moderna para a pós-moderna estamos reiniciando com aquilo que no contexto da Reforma foi denominado de “teologia da humildade.” Claro que foi devido a essa teologia da humildade que o jovem Lutero aprendeu a teologia de Agostinho, que eclodiu na Reforma Protestante.
      O cenário no qual temos a Reforma, a igreja em si estava permeada pela piedade popular. E a teologia da piedade só estava permeada e estragando a igreja por que havia sido difundida através do sacramento da penitência, ensinado em sermões e literatura devocional. O povo havia sido ensinado a confessar os pecados que lembravam, e depois fazer expiação de acordo com a tarefa religiosa imposta pelo sacerdote.

      Se Jesus deixou de ser o centro a Igreja não se tornará uma Ong piedosa, ela já é uma ONG piedosa. E foi justamente contra isso que Lutero lutou no período da Reforma. Ele resgatou o verdadeiro ensino do evangelho e buscou fazer com que a Igreja deixasse de ser uma ONG lucrativa e voltar a ser a Igreja de Cristo. Mas quem é capaz de mexer numa fonte de lucro e não ser silenciado? Quem tentou a história respondeu que tentaram silenciar.
      Tirou-se Cristo do centro! De Igreja só restou o nome, pois sua função se tornou apenas a de uma associação. E por ser uma associação, podemos dizer que a mesma está em crise. Afinal, a Igreja Cristã não está em crise. Em crise estão as instituições, as associações, etc. E se há crise na associação chamada igreja, só há uma maneira de superar essa crise, voltar a Cristo, “o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos” (1Tm 2.6). Precisamos desassociar de nós mesmos e nos associar àquilo que verdadeiramente é o nosso fundamento, JESUS.
      Deus nos abençoe a continuarmos Igreja Cristã, falando, testemunhando e vivendo Jesus Cristo como nosso salvador, pois o mesmo disse no alto da cruz: “Tudo Está completado!” (João 19.30). E se tudo está completo. Não há necessidade de piedade popular, seja: jejum, esmolas, peregrinar, etc. Afinal, em Cristo tudo está completo! Eu não completo aquilo que já está completo.
      Lembrar de Jesus, de todo o seu sofrimento, é lembrar da seriedade do nosso pecado. Fato esse que as penitências não o fazem. Olhar para Cristo é receber a certeza do perdão, fato esse que as indulgências não davam as pessoas que as possuíam.
Sem Jesus – a Igreja é apenas uma ONG.
      Com a renuncia do agora Bispo emérito “Joseph Aloisius Ratzinger,” recordo o que eu disse numa sala de aula com 23 alunos num curso de História. “Ouçam bem, após quase 500 anos de Reforma protestante, o mundo novamente ouvirá Lutero.”
      E com a frase de impacto dita pelo papa Francisco no dia 14 de março de 2013, “Sem Jesus, a igreja se tornará uma simples ong” Lutero fala o que sempre disse. Sem Jesus não há Igreja. Jesus é o fundamento da Igreja e da nossa fé.
      Abraços
     Em Jesus – o Senhor e Salvador Ressuscitado. E assim como ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos.
 
Edson Ronaldo Tressmann

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