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terça-feira, 15 de novembro de 2016

REFLEXÃO


 REPÚBLICA, POLÍTICA E RELIGIÃO

A Proclamação da República também separou a política da religião e trouxe liberdade de culto no Brasil. É a forma mais saudável de se conviver, sobretudo num país tão diversificado. Mas um desafio constante, e por isto o tema da redação do Enem, a intolerância religiosa no Brasil. O que vemos hoje no País é uma tentativa para os tempos do Império, o retorno de uma religião no comando político. Não de forma oficial, mas indireta, sutil e planejada. Um perigo à paz social.

É o alerta da revista Veja (9/11/16). Sob o título “Ele é só o começo”, referindo-se a eleição de Crivella, a matéria da revista sugere que a eleição é um salto extraordinário no “plano de poder” de Edir Macedo, tio do governador eleito no Rio e membros do Partido Republicano Brasileiro, e que agora comanda mais de 100 cidades e governa uma população de quase 10 milhões. A matéria cita o livro Plano de Poder: Deus, os Cristãos e a Política, lançado em 2008, no qual Edir Macedo expõe o objetivo e os meios para colocar os “evangélicos” no poder político do país. Li o livro na curiosidade que a Veja me despertou. Em certo momento, o autor pergunta: “O que falta aos cristãos para se estabelecerem politicamente?”. Logo vem a resposta: “Ações bem coordenadas” em prol de um “projeto de nação idealizada por Deus para o seu povo”.

Seria apenas um jogo político tão comum na disputa pelo poder, se não fosse uma grave confusão bíblica e inconsequente disputa religiosa, e que trará terríveis dificuldades para todo o cristianismo no Brasil, problemas que já acontecem quando o assunto é a intolerância. Todos têm a liberdade de usar a Bíblia como desejam, até Satanás usou-a quando tentou Jesus no deserto. Mas, a Bíblia pode ajudar e também confundir, depende da interpretação. Como esta, de buscar nela um projeto para conquistar poder, prosperidade e glórias terrenas. E se o Templo do Salomão foi reconstruído para marcar esse plano de poder, é bom lembrar as palavras de Jesus “não ficará pedra sobre pedra”, exatamente para dizer que o reino dele não é desse mundo. Os reinos daqui da Terra são engano, ganância e confusão.


Marcos Schmidt
marcos.ielb@gmail.com
Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil

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